Cientistas norte-americanos estão confirmando o problema de deriva do Dicamba nos Estados Unidos e seu efeito em cultivos que não eram alvos. Kevin Bradley, especialista em herbicidas, chegou a afirmar em uma conferência em Saint Louis, Missouri, que alguns cientistas estão optando “por ser cegos” no caso da volatilidade do Dicamba.
Quando o ocorre deriva, o produto pode sair do local de aplicação e danificar as plantas onde aterriza. As três principais empresas, Basf, Monsanto e DuPont, garantem que as formulações de 2017 são de baixa volatilidade.
A afirmação de Kevin Bradley também foi compartilhada por Aaron Hager, especialista em herbicidas da Universidade de Illinois, que estuda formulações feitas a partir de 1967.
“Infelizmente, a Banvel-d (uma formulação do Dicamba) produz uma reação mais severa em soja que tem o 2,4-D, e há uma possibilidade de que a volatilidade seja uma ameaça séria. A volatilidade do herbicida pode ocorrer quando a solução se instala no local e, em seguida, se transforma em vapor e, em seguida, se move por via aérea. Não importa se novas formulações têm menor volatilidade do que as mais antigas. Se o rótulo diz que a volatilidade é baixa, já diz tudo que se precisa saber. Sabemos que isso pode acontecer”, explicou Hager.
O cientista se diz frustrado com as grandes empresas que afirmaram que a volatilidade não ocorreu nos campos onde o Dicamba foi aplicado em 2017. “Para meu conhecimento, os fabricantes não instalaram nenhum equipamento aéreo nos campos para detectar os movimentos via volatilidade. Se você não medir assim, não vai achar nada”, explanou.
Sobre as pesquisas que indicaram que houve mal uso do produto, como alegaram as empresas, Hager afirmou que essas entrevistas não comprovam nada. “Foram baseadas em respostas dos aplicadores. E as respostas só revelam que os aplicadores foram honestos”, opinou o pesquisador de Illinois.
