Publicado em 02/01/2018 16h40

RS mantém círculo vicioso do trigo

"Não investem porque não dá lucro e não dá lucro porque não investem"
Por: Leonardo Gottems | Agrolink

De acordo com a Consultoria Trigo & Farinhas, o mercado gaúcho de trigo fechou o ano com preços entre 6% e 12% maiores do que os do final do ano passado: “O que não é ruim se se penar que os demais setores da economia tem lucros entre 1,8% (indústrias) a 3% (comércio). Mas, parece ter sido insatisfatório para os produtores, porque o clima estragou a produção de maneira quase geral no país, não permitindo lucros maiores (o espelho é sempre a soja, que tem lucros entre 11% e 33%, neste ano)”.

No entanto, a T&F afirma que o grande mal do estado é proveniente de um “círculo vicioso: muitos agricultores não investem no trigo porque ele não lhes dá lucro e ele não dá lucro porque eles não investem na cultura: não é possível ter preços bons se você usa semente própria ou semente fiscalizada que não está em consonância com a necessidade do moinho para quem você vai vender. Esta falta de ‘segregação no plantio’ é a grande deficiência do estado”. 

Na visão do analista Luiz Fernando Pacheco, falta um acordo maior entre indústrias e produtores para a produção de sementes adequadas à fabricação de farinhas de boa qualidade. “Não que não produza boas farinhas, mas poderia ser melhor e com mais volume. Os moinhos têm dificuldade de encontrar boa matéria prima e, com isto, não conseguem pagar bons preços, porque não conseguem produzir farinhas da qualidade exigida pelos compradores”, justifica. 

“E o clima tem apenas parte da culpa. Empresas como Embrapa, Cotricampo e Coamo já provaram que é possível produzir trigo de excelente qualidade abaixo do Paralelo 25, mas será preciso cumprir o protocolo agronômico correspondente. Ao que parece as coisas estão melhorando muito no estado, de modo que se pode esperar melhores resultados nos próximos anos”, conclui.