Publicado em 08/01/2018 08h05

Novos genes cítricos poderiam sobreviver a mudança climática

Grupo de pesquisadores analisou hormônios vegetais
Por: Leonardo Gottems | Agrolink

Em um contexto de mudança climática é cada vez mais importante enfrentar as possíveis adversidades que se apresentam para a agricultura. Assim, um grupo de estudos de biotecnologia analisa hormônios vegetais para conseguir plantas que sejam mais resistentes ao estresse por inundação dos solos dos cultivos. Uma pesquisa do Departamento de Ciências Agrárias e do Ambiente Natural da Universitat Jaume I, de Castellón, na Espanha, identificou genes de cítricos que poderiam ser melhorados graças à biotecnologia com o objetivo de fazer frente a possíveis adversidades geradas pela mudança climática.

O trabalho liderado pelo professor Vicent Arbona avança no conhecimento de uma rota de sinalização de um hormônio vegetal que permitirá conseguir plantas de cítricos mais tolerantes ao estrés por inundação. As conclusões foram publicadas na revista Plant Molecular Biology.

“Temos estudado no laboratório um hormônio vegetal, o ácido abscísico, que é chave na regulação da tolerância das condições ambientais adversas em vegetais e temos observado que existem respostas hormonais e moleculares específicas no estresse por inundação do substrato”, explicou Arbona, membro do grupo de pesquisa Ecofisiologia e Biotecnologia.

O processo que seguiram os pesquisadores foi identificar genes associados a sinalização mediada e clonar. Ou seja, extrair e isolar as plantas para poder estudar com mais detalhe. “O que é realmente relevante desde o ponto de vista da investigação básica é que, pela primeira vez, uma baixa nos níveis de hormônio vegetal dos valores de controle em resposta a um estresse ambiental poderia constituir uma resposta fisiologicamente significativa e os dados apontam a essa direção”, diz Vicent Arbona.

A resposta desse hormônio vegetal, a nível bioquímico, parece estar regulada e ser específica desse tipo de estresse, além de ser específica das raízes, que estão em contato direto com a terra inunda. Por outro lado, a nível molecular os pesquisadores encontraram uma respostas específica ajustada aos níveis de hormônio presente no tecido, de maneira que a planta poderia diferenciar o tipo de estresse à qual está submetida e, em consequência, induzir as respostas fisiológicas mais adequadas para combatê-lo.

O seguinte passo desta pesquisa, já em andamento, é averiguar como variam, a nível molecular, as respostas celulares em raízes de plantas inundas com ausência do hormônio, o que permitiria elaborar um modelo de respostas onde essa rota de sinalização hormonal teria um papel fundamental. “É destacável o fato de que esse trabalho está se realizando em um cultivo arborizado, os cítricos, de difícil manejo em laboratório, mas que tem vantagem de que os resultados podem ser facilmente extrapolados a condições reais”, afirmou Arbona.

Nesse sentido, o conhecimento básico de como se organiza essa rota de sinalização e seu papel chave de tolerância dos vegetais à inundações de substrato constitui um primeiro pilar para a produção biotecnológica de cítricos mais tolerantes a este estresse.