Pesquisadores do setor de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveram uma mamona sem ricina, capaz de servir como alimento para os animais. Essa substância é altamente tóxica e sempre foi encara como principal desafio da ciência para transformar a mamona em alimento, chegando a ser citada na Convenção Internacional para Proibição de Armas Químicas.
A pesquisa foi testada em experimentos com ratos de laboratório em uma quantidade de 15 a 230 vezes os valores da dose letal mediana (DL50), o que seria mortífero para a metade da população de cobaias, contudo, todos sobrevieram. De acordo com Francisco Aragão, pesquisador da Embrapa, foram usadas técnicas de silenciamento genético para desligar os genes específicos que forneciam ricina à planta.
“Uma vez incorporado, esse resultado promoverá grandes impactos econômicos na cadeia produtiva da mamona e da produção animal, com inserção estratégica e competitiva na bioeconomia”, comenta.
No entanto, a expectativa para que a novidade seja disponibilizada no mercado é mais ou menos de quatro anos. Segundo José Manuel Cabral, chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, existem muitos trâmites legais para serem cumpridos, como associações com empresas, testes de campo e aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
“Para percorrer todo esse caminho, o lançamento comercial da mamona sem ricina deverá demorar entre quatro a cinco anos, prazo necessário para cumprir todas as exigências da legislação brasileira”, explica.
Esta alternativa poderá impulsionar ainda mais a produção da mamona brasileira, que hoje é de 16,2 mil toneladas de bagas. Além disso, a tecnologia poderá sem empregada em outros países produtores de mamona, como Estados Unidos, Índia e China.