Publicado em 15/08/2018 17h26

Milho pode produzir seu próprio nitrogênio

Essa variedade consegue captar de 29% a 82% de seu nitrogênio do ar
Por: Leonardo Gottems | Agrolink

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis (UC Davis) identificaram uma variedade de milho nativo em Oaxaca, no México, que pode adquirir uma quantidade significativa de nitrogênio (até 80%), cooperando com bactérias em raízes aéreas. De acordo com os cientistas, esse fato poderia ajudar pesquisas futuras para reduzir o uso de fertilizantes na agricultura. 

Essa variedade consegue captar de 29% a 82% de seu nitrogênio do ar, em vez de fertilizantes, produzindo um "muco" açucarado que emana de raízes aéreas, que crescem a partir da superfície, e que atrai bactérias que podem transformar o nitrogênio do ar em uma forma utilizável pela planta. Segundo Alan Bennett, um dos professores responsáveis pelo estudo, a ideia não é relativamente nova, mas é difícil descobrir definitivamente como isso pode ser usado na agricultura.  

"A ideia de que as variedades locais isoladas de milho podem ser associadas com bactérias fixadoras de nitrogênio não é nova, mas tem sido difícil identificar tal variedade e demonstrar que esta associação de fixação de nitrogênio contribui efetivamente para a nutrição com nitrogênio da planta. Nossa equipe de pesquisa interdisciplinar está trabalhando nisso há quase uma década.", explica. 

 

Os cientistas explicaram que o feijão e outras leguminosas já têm estabelecido relações benéficas com as comunidades de bactérias que fornecem nitrogênio, mas milho e outras culturas de cereais não possuem estas relações simbióticas. “Assim, os fertilizantes comerciais que são necessários para o cultivo do milho são provenientes de combustíveis fósseis e sua produção intensiva utiliza cerca de 1 a 2% do suprimento global de energia”, finaliza.