Publicado em 18/11/2018 23h00

Cientistas criam plantas resistentes aos extremos da seca

Glicose, frutose e outros açúcares são osmoprotetores, isolando raízes e caules.
Por: Leonardo Gottems | Agrolink

Cientistas do Centro de Pesquisa em Agrigenômica (CRAG), da Espanha, modificaram geneticamente espécimes de  Arabidopsis thaliana fazendo com que ela conseguisse suportar e se desenvolver sob os maiores fatores de estresse das plantas. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 12 milhões de hectares de terra são perdidos a cada ano devido ao avanço da desertificação. 

De acordo com a principal autora do estudo, Ana Caño,  é urgente gerenciar melhor a água disponível e obter variedades de plantas que possam resistir a longos períodos de seca. Após 12 dias sem água, quase metade das plantas modificadas estavam vivas e crescendo, em comparação com 20% das plantas não manejadas. 

"Com a superexpressão gênica, multiplicamos o número de receptores de esteroides nas células vasculares por cinco. As plantas precisam de água para fazer açúcares, mas quando as acumulam nas raízes, não percebem a falta de água”, comenta. 

Em condições normais, as raízes se movem e torcem em busca de água em um processo chamado hidrotropismo. Se não houver, é a planta e não o solo que dá a umidade por osmose até secar. Em  A. thaliana  modificada, glicose, frutose e outros açúcares são osmoprotetores, isolando raízes e caules. 

Caño, que é representante espanhola no consórcio internacional de pesquisa com Arabidopsis,  lembra que é a descoberta é "uma erva". O que precisa ser alcançado agora é repetir esses resultados promissores em espécies que interessam à agricultura.