Publicado em 30/04/2020 18h41

Cotações da soja tem salto positivo

Já as exportações líquidas de soja estadunidense, para o ano 2019/20, somaram 344.900 toneladas
Por: Aline Merladete | Agrolink

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As cotações da soja em Chicago, após recuarem em boa parte da semana, deram um salto positivo na quinta-feira (30), fechando em US$ 8,50/bushel no primeiro mês cotado, contra US$ 8,26/bushel no dia 28/04 e US$ 8,39 na semana anterior. A análise  é da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.

A forte alta nos preços do petróleo neste dia 30/04, em um claro movimento de reposição especulativa, elevou os preços das commodities em geral, puxando junto a soja. Mas, por enquanto, essa recuperação não é uma tendência, sendo vista mais como um movimento de compra após baixas importantes nos últimos dias. A recuperação do petróleo depende da retomada do consumo real, fato indefinido pois muitos países já estão sem espaço para estocar o produto.

Ante disso, o mercado era baixista porque o dólar continuou bastante valorizado em relação ao Real, deixando a soja brasileira muito mais competitiva no mercado externo do que o produto estadunidense. Mesmo assim as exportações da soja estadunidense estiveram bem, com as inspeções de exportações atingindo a 555.748 toneladas na semana encerrada em 23/04, superando largamente o esperado pelo mercado. No acumulado do atual ano comercial, iniciado em 1º de setembro, o volume chega a 33,5 milhões de toneladas, contra 31,5 milhões na mesma época do ano anterior.

Já as exportações líquidas de soja estadunidense, para o ano 2019/20, somaram 344.900 toneladas na semana encerrada em 16/04. Este volume significa um recuo de 48% sobre a média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2020/21 o volume ficou em apenas 500 toneladas. Com isso, o somatório dos dois anos ficou um pouco acima do volume mínimo esperado pelo mercado.

A grande preocupação do mercado, além da continuidade dos efeitos negativos provocados pela pandemia da Covid-19, está especificamente no fato de que a China continua a dar preferência à soja brasileira. Para completar o quadro, no início desta semana o governo dos EUA voltou a anunciar medidas visando dificultar exportações de alguns produtos para uma série de países, incluindo a China. Isso poderá complicar mais as relações comerciais entre os dois países, as quais continuam tensionadas em função do conflito comercial existente entre eles e que, no início deste ano, apenas parcialmente teria sido solucionado.

Por outro lado, o plantio da soja nos EUA avança bem, com o mercado trabalhando com a possibilidade da área com soja aumentar ainda mais, em detrimento do milho. Até o dia 26/04 o referido plantio havia atingido a 8% da área esperada, contra 4% na média histórica para esta data. Neste sentido, se aguarda com interesse o novo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 12/05. Será o primeiro relatório que apontará as primeiras projeções de volume para a nova safra 2020/21. 

No final da semana, o Real voltou a se valorizar um pouco, deixando a soja estadunidense mais competitiva, fato que ajudou a recuperar os preços do bushel em Chicago. De fato, após o Real atingir uma desvalorização próxima de R$ 5,70/dólar na semana anterior, a moeda brasileira se valorizou, chegando a valores entre R$ 5,40 e R$ 5,45 por dólar na corrente semana. Mesmo assim, os preços internos da soja se mantiveram em alta, particularmente no Rio Grande do Sul onde a quebra de 50% da safra começa a pesar sobre o mercado igualmente. 

Desta forma, no mercado gaúcho, o balcão fechou a semana na média de R$ 94,26/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 101,00 e R$ 101,50/saco, ultrapassando, pela primeira vez na história, os cem reais em valor nominal. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 82,50/saco em São Gabriel (MS) e R$ 102,00 em Campos Novos (SC), passando por R$ 87,00 em Canarana (MT); R$ 97,50 no centro e norte do Paraná; R$ 89,00 em Goiatuba (GO); R$ 88,00 em Pedro Afonso (TO) e R$ 90,00/saco em Uruçuí (PI). Os prêmios nos portos brasileiros pouco se alteraram, confirmando que os preços atuais no país estão dependendo especialmente do câmbio.

Os mesmos giraram entre US$ 0,38 e US$ 0,60/bushel, baixando um pouco em relação a semana anterior. A colheita brasileira de soja atingia a 94% da área semeada em 24/04, ficando exatamente dentro da média, sendo que no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, São Paulo e Minas Gerais a mesma estava encerrada, ao mesmo tempo em que chegava a 92% no Rio Grande do Sul; 65% na Bahia; 95% em Santa Catarina; 91% no Maranhão; 65% no Piauí; 91% em Tocantins; e 59% no somatório dos demais Estados produtores. As únicas regiões com atraso na colheita da oleaginosa, em relação a média histórica, são a Bahia e os demais Estados menores produtores.