Publicado em 24/11/2020 19h23

Clima vem

Guilherme Bastos disse que, como colheita da sojaserá concentrada em período curto, qualquer "descuido" poderá atrapalhar segunda safra de milho
Por: Estadão Conteúdo

A redução do volume de chuvas, por causa do fenômeno La Niña, vem "pregando peças" na safra de grãos de 2020/21, afirmou nesta terça-feira (24/11) o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Guilherme Bastos.

Se, por um lado, o investimento em maquinário permitiu recuperar o tempo perdido no atraso do plantio da soja, a concentração da colheita da oleaginosa em um período mais curto de 2021 poderá ter impactos na segunda safra de milho no próximo ano.

"Apesar de termos todas as condições para termos uma safra perfeita, o clima vem pregando algumas peças", afirmou Bastos, em palestra durante evento virtual de lançamento da Nota de Conjuntura 21 da Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que atualiza as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária.

 

Segundo Bastos, o atraso no plantio da soja, com a demora na chegada das chuvas na primavera, trouxe expectativa para o setor do agronegócio, mas a tecnologia e o investimento em maquinário, com produtores capitalizados, diminuiu o problema.

Conforme o presidente da Conab, com o uso intensivo de maquinário, os produtores de Mato Grosso conseguiram plantar 70% da área prevista para a soja no Estado em apenas três semanas. Embora o atraso no plantio da soja tenha sido compensado pelo investimento em maquinário, ele ainda pode ter efeitos na safra 2020/21.

Bastos destacou os impactos sobre a segunda safra de milho, plantada após a colheita da soja. Como a colheita da oleaginosa será concentrada em um período curto, qualquer "descuido" poderá atrapalhar a segunda safra de milho, afirmou o presidente da Conab.

 

Apesar dos riscos, Bastos destacou que os prognósticos da Conab apontam para nova safra recorde na temporada 2020/21. A estatal estima produção de 263,1 milhões de toneladas. Já o "excedente exportável" está estimado em 116,2 milhões de toneladas."Continuamos produzindo muito mais do que consumimos e ainda conseguimos exportar", afirmou Bastos.