Publicado em 04/02/2015 15h08

Boi/Cepea: Menor demanda externa e boi valorizado reduzem exportação de carne em 30%

As exportações brasileiras de carne bovina caíram no primeiro mês de 2015, tanto em volume como em receita. A retração ocorreu no comparativo com dezembro e também em relação aos registros de um ano atrás. A recessão em alguns países dependentes do petróleo, que em janeiro chegou aos menores preços em seis anos, e o menor crescimento da economia chinesa, que reabriu seu mercado recentemente ao Brasil, são alguns dos fatores que fundamentam essa retração. Além disso, mesmo com o Real depreciado frente ao dólar, as fortes valorizações da arroba do boi brasileiro, desde meados de 2014, têm deixado a carne nacional menos competitiva no mercado externo.
Por: Cepea/Esalq

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Foram 74 mil toneladas de carne bovina brasileira in natura enviadas ao exterior em janeiro, quantidade 31,9% menor que a de dezembro/14 (108,7 mil toneladas) e 29,6% inferior à registrada no mesmo período do ano passado, de 105,1 mil toneladas. Foi o segundo menor volume exportado no período nos últimos quatro anos, acima apenas da de janeiro/12 (62,4 mil toneladas), segundo dados da Secex.

Em receita, o montante arrecadado em janeiro/15, de US$ 326,4 milhões, ficou 36,2% abaixo do obtido no mês anterior, de US$ 511,3 milhões, e 28,9% inferior ao de jan/14 (US$ 458,9 milhões). O preço médio da carne bovina in natura exportada, por sua vez, foi de US$ 4.408,50/t em jan/15, recuo de 6,2% em relação a dez/14 e pequeno aumento de 1% sobre o valor médio da tonelada no mesmo período do ano passado, de US$ 4.364,00, ainda conforme a Secex.

Em relação ao preço do animal vivo brasileiro na comparação com países concorrentes como Austrália, Paraguai e Uruguai, o nacional está menos competitivo. Em janeiro/15, a arroba no Brasil foi cotada na média de US$ 54,50, enquanto no Paraguai, o valor médio foi de US$ 52,75/@ no mesmo período. Na Austrália e no Uruguai, foram de US$ 53,60 e de US$ 53,70, respectivamente, de acordo com entidades locais do setor pecuário (MLA, Inac e El Rodeo).

Movimentos da semana – No mercado doméstico, as negociações de animais para abate continuam lentas neste início de fevereiro. Enquanto a oferta permanece restrita, frigoríficos seguem exercendo pressão sobre as cotações. Agentes relatam que a dificuldade de compra de novos lotes tem resultado em diminuição ou mesmo interrupção dos abates em plantas de diversas regiões do País.

No estado de São Paulo, entre 27 de janeiro e 3 de fevereiro, o Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa permaneceu praticamente estável, fechando a R$ 142,45 nessa terça-feira, 3.

Já no mercado atacadista da carne com osso da Grande São Paulo, as variações de preços foram positivas. Segundo agentes do setor, além da maior demanda típica de início de mês, a volta às aulas contribuiu para aumentar o consumo.

Entre os cortes, o dianteiro foi o que mais se valorizou nos últimos sete dias, em 4,2%, com o quilo do produto cotado a R$ 6,65/kg nessa terça-feira, 3. Para o traseiro e a carcaça casada, a alta foi de 3,7%, a R$ 11,10/kg e R$ 8,79/kg, respectivamente, na terça. A carcaça casada de vaca, por sua vez, se valorizou 1,6% em igual comparativo, sendo negociada a R$ 8,13/kg no dia 3.

Já as carnes concorrentes (suína e de frango) fecharam o intervalo de 27 de janeiro a 3 de fevereiro em baixo no atacado da Grande São Paulo. O frango resfriado se desvalorizou 4,1%, com a média indo para R$ 3,25/kg. Em igual comparação, a carcaça comum suína teve queda de 8,4% no preço médio, com o quilo passando para R$ 6,24.

No caso do bezerro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (nelore, de 8 a 12 meses, em Mato Grosso do Sul) fechou a R$ 1.284,08 nessa terça-feira, 3, alta de 2,9% em relação à terça anterior. A média do bezerro em São Paulo (à vista) caiu ligeiro 0,2% no período, a R$ 1.260,83 na terça.