Publicado em 04/03/2015 09h56

Clima privilegia a safra gaúcha

Cruz Alta (RS) — Numa temporada de estiagens em todas as regiões agrícolas do país, os produtores gaúchos podem se considerar privilegiados.
Por: AgroGP

Com chuva suficiente e pragas controladas, o Rio Grande do Sul, terceiro maior produto de grãos do país, está prestes a colher uma das maiores safras de soja e milho de sua história, conferiu a Expedição Safra durante viagem de 2,5 mil quilômetros pela Região Sul.

A redenção gaúcha começou ainda na semeadura. Enquanto faltava chuva no Paraná e em Mato Grosso, São Pedro colaborava com os pampas e coxilhas. Durante o desenvolvimento das lavouras, sol durante o dia e chuvas em boa dose no final da tarde garantiram condições ideais.

“Ano passado tivemos intervalos de 25 dias sem chuva. Esse ano choveu quase todos os dias desde 15 de dezembro. O desenvolvimento da lavoura está muito bom”, garante Paulo Edgar da Silva, supervisor da regional da Emater, em Erechim (Noroeste). “Neste ano o agricultor não pode reclamar em hipótese alguma”, complementa o consultor Gustavo Trentini, da Seara Agronegócios, em Cruz Alta, na mesma região.

Dentro de dez dias a colheita ganha ritmo. Até lá, basta uma chuva de 30 milímetros para fechar o ciclo 2014/15 com o clima ideal. Para o produtor Silvio Américo Ohse, que dedicou 570 hectares à soja em Cruz Alta, a pluviosidade necessária está a caminho. “Posso dizer que esse é o ano de melhor aspecto da lavoura.”

Ohse projeta colher 55 sacas por hectare, contra as 49 sacas/ha da temporada passada, antes de embarcar para fazer turismo no Oeste da China e em países como Quirguistão, Cazaquistão e Uzbequistão. “Será uma das melhores safras desde que entrei na agricultura em 1983. Depois embarco para descansar e fechar a lista de 100 países visitados no mundo”, diz o produtor com otimismo no bom rendimento.

Mesmo com a colheita ainda começando no estado, agricultores que apostaram na soja cultivada com sementes superprecoces dão uma prévia de como será a safra. O produtor Euzébio Eduardo Ely colheu 60 hectares com essa variedade na propriedade em Carazinho, no Noroeste gaúcho. O rendimento de 75 sacas por hectare não foi surpresa em função das boas condições climáticas. “O clima ajudou para ser uma safra histórica. A partir de 15 de março começo a colher o restante com expectativa de fazer 65 sacas por hectare de média”, diz Ely, sem esconder a satisfação enquanto olha os números no painel da colheitadeira. No ano passado, ele havia tirado, em média, 47 sacas por hectare.