Publicado em 11/03/2015 13h42

Cotação do dólar movimenta a soja

Focando a colheita, mas de olho no mercado, sojicultor pode ter na moeda estrangeira um suporte para as vendas
Por: Diário de Cuiabá

Desde o final do ano passado, a valorização do dólar frente ao real vem dando suporte à elevação das cotações da soja no mercado interno, e isso vem movimentando a comercialização da produção nos últimos quatro meses. O ano virou, e o comportamento da moeda norte-americana vai se mostrando como o melhor suporte de preços à commodity, pelo menos no curto prazo. E março, que começou com a cotação da moeda rompendo a casa dos R$ 3, pode registrar a maior movimentação em vendas como em entrega do grão no ano. No ano passado, o período registrava o dólar a R$ 2,34, na virada do mês fechou com média de R$ 2,88 e na semana passada a R$ 3.

Como destacam os analistas da cadeia de grãos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o mês de fevereiro já havia sido marcado pela valorização das cotações internas da soja em reflexo ao dólar, “que está sendo a bola da vez desde o final do ano passado, quando começou a sua subida”. Os ganhos nas cotações, como explicam, elevaram os preços médios de vendas de fevereiro para valores acima do custo total da safra atual, estimulando as vendas de 2,6 milhões de toneladas.

O incremento nas vendas de soja acaba sendo um grande termômetro do mercado, ou seja, com a elevação produtores ofertaram mais e os comprados vieram negociar como forma de se isentar de novas elevações sobre a saca. “Com este volume, a comercialização totalizou até fevereiro 59,4% ou 18,27 milhões de toneladas”.

As negociações não apresentaram volumes ainda maiores, em grande parte, devido à greve dos caminhoneiros que desestimulou as negociações no final do mês. Assim, mesmo com os bons volumes negociados, a safra, ainda, apresenta atraso em suas vendas com relação 2014, quando nesse mesmo período cerca de 69,6% da safra estavam vendidos de forma antecipada.

“Com as novas altas registradas no dólar em março, acredita-se que o mesmo continuará sendo o motor das negociações no curto prazo, reduzindo os impactos negativos dos baixos preços externos neste ano”.

Na semana passada, por exemplo, a cotação da soja no mercado interno, sofreu por mais uma semana, influência das altas do dólar e valorizou-se em 1,58%, fechando com média semanal de R$ 52,17/sc.

Nova Alta - A crise política brasileira levou o dólar comercial, usado no comércio exterior, a fechar próximo ao patamar de R$ 3,13 e a Bolsa a recuar 1,6% ontem.

O mercado foi influenciado pela divulgação, na última sexta-feira, de nomes de investigados na Operação Lava Jato da Polícia Federal, que figuram na "lista de Janot", e pelas manifestações contrárias ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), durante pronunciamento realizado anteontem, em várias cidades do país.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 2,17%, a R$ 3,116, maior valor desde 28 de junho de 2004. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, encerrou o dia com valorização de 2,35%, a R$ 3,129, após atingir a máxima de R$ 3,134 durante o pregão. É o maior patamar de fechamento desde 22 de junho de 2004, quando encerrou a R$ 3,134.

A Bolsa também foi afetada pelo pessimismo no mercado financeiro. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário, fechou com queda de 1,6%, a 49.181 pontos. Das 68 ações negociadas, 53 caíram, 12 subiram e três fecharam estáveis.

Exportações – As exportações mato-grossenses da safra 2014/15 têm se mostrado bastante magras até agora. Em janeiro, por exemplo, não houve exportação. E em fevereiro, mesmo colhendo sua maior safra, o Estado escoou os menores valores para esse mês desde 2008: 357 mil toneladas. Volume bem abaixo dos 1,2 milhão de toneladas registradas em fevereiro do ano passado. Como observam os analistas do Imea, essa defasagem deve-se a dois principais fatores: o primeiro é o atraso da colheita na primeira quinzena de fevereiro, comprometendo o potencial de escoamento. O segundo foi a greve dos caminhoneiros que comprometeu, na segunda quinzena, a capacidade de escoamento das 12,2 milhões de toneladas disponíveis até ao fim do mês. “O Imea projeta para março o escoamento de 2,58 milhões de toneladas, no entanto, dada as grandes negociações realizadas até o fim de fevereiro para o contrato de março e a necessidade de cumprir os contratos atrasados de fevereiro, este volume pode ser ainda maior”.

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