Práticas para reduzir emissões de carbono podem aumentar a competitividade da pecuária nacional
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Publicado em 18/12/2024 06h00

Práticas para reduzir emissões de carbono podem aumentar a competitividade da pecuária nacional

A organização Amigos da Terra - Amazônia Brasileira elaborou e publicou um guia para auxiliar os produtores na adesão ao Protocolo de Carne Baixo Carbono.
Por: Redação

A pecuária brasileira tem potencial para contribuir significativamente na preservação ambiental e no combate às mudanças climáticas nos próximos anos, por meio da implementação em larga escala de sistemas de produção que utilizem práticas adequadas de manejo do pasto, fertilização estratégica e sistemas de integração, como Integração Lavoura Pecuária (ILP) e Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF).

“O incentivo à adoção dessas boas práticas agropecuárias pode resultar em melhorias substanciais na produtividade e resiliência dos sistemas de produção da pecuária nacional. Além disso, sua aplicação ajuda a valorizar nossos sistemas de produção ao impactar na redução das emissões de metano entérico pelo rebanho durante a produção a pasto”, explica Marcia Silveira, pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo.

A implementação de manejos mais sustentáveis ou do ILP resulta em um aumento do estoque de carbono no solo, que pode ser ainda mais beneficiado, segundo Marcia, com a terminação de animais em um intervalo mais curto, ou seja, fornecendo ao mercado animais jovens terminados, o que reduz as emissões durante a produção e entrega um produto com características desejáveis, como marmoreio e maciez.

Nesse contexto, a Embrapa desenvolveu diretrizes técnicas para orientar os produtores rurais na produção sustentável de bovinos. A marca Carne Carbono Neutro (CCN), criada entre 2012 e 2020, pode ser aplicada em sistemas pecuários que incluem árvores, com foco no monitoramento dos componentes do sistema - solo, planta, animal e floresta. As práticas recomendadas incluem ILPF, plantio direto, manejo do pasto, bem-estar animal, manejo de adubação/fertilização e destinação de madeira para serraria. Por outro lado, a marca conceito Carne Baixo Carbono (CBC), cujas diretrizes foram lançadas em 2020, está associada a sistemas pecuários sem árvores, onde o solo é o componente crucial para evitar a liberação de carbono na atmosfera.

Para apoiar os produtores, a Amigos da Terra – Amazônia Brasileira elaborou um guia prático que apresenta os conceitos gerais e os requisitos mínimos do protocolo. O "Guia para a Produção de Baixo Carbono: Aplicação do Protocolo da Carne Baixo Carbono (CBC) da Embrapa" já foi apresentado a pecuaristas em encontros específicos e agora está disponível em formato digital. A produção do guia contou com o apoio da Marfrig e financiamento da NICFI. “O guia oferece um passo a passo para a implementação do protocolo, servindo como um ponto de partida para os produtores que desejam entender mais antes de ingressar no processo de certificação”, explica Natália Grossi, analista de cadeias agropecuárias da Amigos da Terra. (Acesse aqui)

“Essas duas marcas permitem que os produtores reconheçam e validem seus sistemas de produção como sustentáveis, por meio da certificação de áreas específicas ou da propriedade como um todo. Esse processo é reconhecido, certificável e auditável, o que pode aumentar a visibilidade e competitividade nos mercados interno e externo, diante das atuais demandas do mercado”, avalia Marcia.

As marcas são resultado de uma parceria estratégica entre a Embrapa e a Marfrig Global Foods. “A CBC posiciona a pecuária como uma solução inovadora para alcançar as metas climáticas e destaca o pioneirismo do Brasil na mitigação de gases de efeito estufa (GEEs) por meio do próprio processo produtivo da pecuária”, observa Natália.

A implementação das práticas ocorre em áreas já consolidadas, algumas em estado de degradação, eliminando a necessidade de abrir novas áreas e avançar sobre a vegetação nativa. “Essas práticas também estão associadas à rastreabilidade individual dos animais, uma tendência crescente no mercado”, diz Natália, que lembra que a AdT e a Embrapa lançaram um guia prático para orientar sua aplicação e disseminar os principais conceitos entre os pecuaristas. O produtor rural pode solicitar a adesão à CCN, cujo processo é gerenciado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) através da plataforma Agri Trace Rastreabilidade Animal. A marca conceito CBC está em fase de viabilização.

As diretrizes técnicas para a produção de Carne Baixo Carbono e Carne Carbono Neutro estão passando por ajustes e atualizações, dentro de uma lógica de melhoria contínua e incorporação de novas práticas ou tecnologias que contribuam para uma produção mais sustentável. Ambas as marcas estão alinhadas ao Plano Setorial para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (Plano ABC+) e ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC).

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, esses protocolos têm ganhado destaque em todo o território nacional e se tornaram tema de discussões técnicas e científicas em níveis nacional e internacional. “Eles também têm despertado o interesse de produtores e técnicos, que buscam adotar práticas mais conservacionistas ou valorizar seus sistemas de produção”, destacou.

Em sua análise, com a crescente divulgação desses protocolos e a demanda do mercado, a tendência é que sua adoção aumente. “Gradualmente, as práticas recomendadas por esses protocolos tendem a se tornar comuns no futuro, o que representaria um grande avanço para nossa agropecuária”, conclui.

Mais Iniciativas

Fair Food  

A Fair Food oferece certificações e selos que promovem práticas sustentáveis na produção de alimentos de origem animal. A Certificação Redutor da Pegada de Carbono é destinada a produtos que comprovadamente reduzem as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na produção animal. O selo GO PLANET™ certifica carnes e produtos lácteos que ajudam a cuidar do planeta, garantindo a redução das emissões de metano nas fazendas e a rastreabilidade industrial. Esse selo é utilizado pela CARAPRETA, uma empresa de proteínas nobres 100% brasileira.

No Carbon  

O leite No Carbon conta com o selo Carbon Free, da ONG Iniciativa Verde, que certifica a neutralidade de carbono da empresa, de acordo com normativas internacionais. Esse selo comunica de forma clara ao mercado e aos consumidores que a marca contribui ativamente para a construção de um mundo mais sustentável, reforçando seu compromisso com a neutralização das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

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