O mercado físico do boi gordo demonstrou pouca movimentação no início desta semana. A dinâmica das negociações reflete um cenário de oferta de animais terminados considerada razoável, enquanto a demanda por carne bovina no varejo continua apresentando sinais de fragilidade. Este descompasso tem sido um fator limitante para o avanço dos negócios e para a sustentação dos preços em algumas importantes regiões produtoras do Brasil.
No estado de São Paulo, referência para o mercado pecuário nacional, as cotações para todas as categorias de bovinos destinados ao abate permaneceram estáveis em relação ao fechamento da última sexta-feira. A apuração da Scot Consultoria, através do informativo "Tem Boi na Linha", indica que, apesar da oferta ajustada, o consumo interno não tem sido suficiente para impulsionar altas.
As indústrias frigoríficas paulistas operam com escalas de abate programadas para aproximadamente oito dias. Este patamar sugere uma gestão cautelosa dos estoques e da capacidade de processamento, alinhada à expectativa de vendas no mercado doméstico e às oportunidades de exportação. A ausência de pressão compradora mais incisiva por parte dos frigoríficos contribui para a manutenção dos valores da arroba.
Diferentemente do cenário paulista, outras praças pecuárias registraram desvalorizações. No Espírito Santo, a conjuntura de demanda interna retraída levou parte das unidades frigoríficas a se ausentarem das compras de matéria-prima. Essa menor competição resultou em ajustes negativos nos preços. Conforme levantamentos da Scot Consultoria, a arroba das fêmeas bovinas sofreu uma queda de R$ 5,00. Para o "boi China", animais que cumprem os requisitos para exportação ao mercado chinês, o recuo foi de R$ 4,00 por arroba.
Em Mato Grosso do Sul, especificamente na região de Três Lagoas, o mercado também sentiu o peso da demanda enfraquecida. A cotação da arroba do boi gordo apresentou uma redução de R$ 2,00. Para a vaca gorda, a retração foi mais acentuada, com os preços cedendo R$ 5,00 por arroba. Os valores para a novilha gorda, por outro lado, mantiveram-se inalterados na região.
O segmento atacadista de carne bovina com osso também reflete as dificuldades de escoamento. Ao longo da semana anterior, o ritmo de vendas permaneceu lento, resultando em um aumento nos estoques dos frigoríficos e distribuidores. Essa conjuntura pressionou as cotações dos principais cortes.
Dados da Scot Consultoria apontam que a carcaça casada do boi capão registrou uma desvalorização de 3,4%. Para a carcaça do boi inteiro, a queda foi de 3,0%. No caso das fêmeas, a carcaça casada da vaca teve um recuo de 3,9%, enquanto a da novilha apresentou uma baixa de 3,2%.
O impacto mais significativo foi observado nos cortes do dianteiro bovino, que possuem menor valor agregado e são mais sensíveis às variações de consumo. A cotação da peça do dianteiro do boi capão caiu 4,6%, e a do dianteiro do boi inteiro registrou uma queda ainda maior, de 5,1%. Esses números indicam a dificuldade do setor em repassar os custos e manter as margens diante de um consumo retraído.
O comportamento de baixa não se restringiu ao mercado de carne bovina. No segmento de proteínas alternativas, os preços também cederam. O preço médio do frango no atacado recuou 6,6%, o que representa uma diminuição de R$ 0,53 por quilo. A carne suína também seguiu essa tendência, com a carcaça especial suína apresentando uma queda de 2,4% em seu valor, correspondente a R$ 0,30 a menos por quilo. Essa movimentação nos preços das carnes de frango e suína pode exercer pressão adicional sobre o consumo de carne bovina, à medida que os consumidores buscam opções mais acessíveis.