Brasil pode perder espaço para Argentina e Austrália com tarifa americana
Publicado em 05/09/2025 10h34

Brasil pode perder espaço para Argentina e Austrália com tarifa americana

Tarifas de até 50% impostas pelos EUA à carne bovina brasileira reacendem alerta no agro, podendo afetar a competitividade e o mercado.
Por: Redação

A decisão do governo dos Estados Unidos de impor tarifas de até 50% sobre produtos importados, incluindo a carne bovina brasileira, gerou preocupação no setor agropecuário nacional. A medida pode alterar a dinâmica do comércio internacional e pressionar a competitividade do Brasil, segundo análise da JPA Agro, marketplace do setor.

“Tarifa é imposto, e imposto é preço alto. Não existe almoço grátis na economia. Quando se cria uma barreira como essa, cedo ou tarde ela se reflete no preço final”, afirma Leandro Avelar, CEO da JPA Agro.

O impacto direto ao consumidor americano tende a ser limitado, já que a carne bovina representa apenas 0,5% do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos EUA. Nos últimos 12 meses, o preço da carne subiu 7,2% no país, e especialistas projetam alta de até 20% até 2026.

No Brasil, a carne bovina tem peso de 3,5% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e compromete mais de 5% da renda mensal das famílias, o que mostra como o efeito inflacionário é sentido de forma mais intensa.

Para o Brasil, maior exportador global de carne bovina, a sobretaxa pode significar perda de participação de mercado frente a concorrentes como Austrália e Argentina. Além do risco comercial, especialistas ressaltam a importância da diplomacia e da separação entre disputas políticas e pauta econômica, já que os EUA são o segundo maior cliente do país.

A JPA Agro defende que o Brasil precisa atacar gargalos internos para ampliar sua competitividade. Entre os desafios estão a alta carga tributária, a legislação trabalhista e a infraestrutura logística.

Pequenas e médias exportadoras, que dependem fortemente do mercado americano, podem sentir os efeitos mais imediatos das tarifas.

“Se o aumento de preços não cair no inconsciente popular americano, dificilmente haverá pressão política para mudar. Ao contrário, se a carne passar a ser vista como ‘cara demais’ e esse discurso ganhar corpo, a tarifa pode entrar no centro do debate e abrir caminho para negociações. Até lá, o Brasil precisa se preparar e reforçar sua competitividade”, conclui o CEO da JPA Agro.