A percepção de alta nos preços é quase unânime entre os consumidores brasileiros. Um levantamento aponta que 95% das pessoas notaram um aumento nos valores dos produtos nos últimos 12 meses. Além disso, mais da metade (55%) acredita que a tendência de alta deve continuar.
Os dados são da pesquisa “Consumo em Tempos de Inflação e Repriorização”, realizada pela Neogrid em parceria com o Opinion Box. O estudo mostra que a principal reação do consumidor foi a adaptação. Cerca de 82% dos entrevistados afirmaram ter substituído produtos que costumavam comprar por versões mais baratas.
Essa troca de marcas foi mais acentuada em categorias como produtos de limpeza (68,9%) e higiene pessoal (57,1%). O setor de alimentos e bebidas também registrou uma forte migração, com 53,8% dos consumidores optando por marcas de menor valor para ajustar o orçamento.
A busca por economia, a dificuldade em encontrar as marcas preferidas nas prateleiras e a relutância em pagar valores considerados acima do usual estão entre os principais motivos para a mudança de comportamento. No primeiro semestre de 2025, por exemplo, itens básicos da cesta do brasileiro, como café e ovos, registraram altas médias de 42,2% e 8,2%, respectivamente.
Apesar de uma inflação acumulada de 5,35% nos últimos 12 meses, a pesquisa indica que alguns hábitos de consumo resistem. O estudo revela que 73% dos consumidores fazem questão de manter certos “pequenos prazeres” em sua rotina.
Entre esses hábitos preservados estão comer fora (45%), comprar chocolates e doces (45%) ou pedir comida por delivery (32%). O consumo em datas especiais também continua, com 51,3% dos entrevistados mantendo as comemorações, ainda que com gastos reduzidos. Outros 24% não alteraram seus hábitos nessas ocasiões.
Christiane Cruz Citrângulo, diretora-executiva de Marketing e Performance na Neogrid, avalia o cenário. "O estudo mostra como o consumidor brasileiro está cada vez mais atento e disposto a adaptar seus hábitos de compra. Para a indústria e o varejo, entender esse movimento é essencial", afirma.
"Quem conseguir traduzir esses sinais em estratégias inteligentes terá condições de se conectar melhor com o shopper, oferecer alternativas acessíveis e fortalecer a relação de confiança", completa a diretora.
