Publicado em 22/06/2016 17h20

Maggi: Temer apoia venda de terra a empresas estrangeiras

Ministro disse que dívida do seguro rural será paga e reforçou que Plano Safra passará por ajustes
Por: Estadão Conteúdo

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, voltou a defender nesta terça-feira (21/6), a venda de terras a empresas estrangeiras. Em entrevista à Agência Estado, ele destacou que a medida é defendida também pelo presidente em exercício, Michel Temer. "A nova administração tem viés político e ideológico diferentes, e o ambiente é favorável a isso (venda de terras)", afirmou. "As terras brasileiras são brasileiras e ninguém vai levar adiante."

Para Maggi, a liberação da venda de terras a estrangeiros ajudaria empresas na obtenção de crédito. "A vantagem é que para culturas como cana-de-açúcar e laranja as empresas de fora poderão comprar (terras) e fazer projetos. E os bancos poderiam emprestar para elas. Hoje há dificuldades eminstrumentos de crédito."

Atualmente, há na Câmara dos Deputados um projeto de lei, tramitando desde 2012, que autoriza a venda de terras a estrangeiros. Tal projeto faz com que empresas de outros países com sede e responsabilidade civil no Brasil sejam consideradas nacionais. "No Congresso, esses projetos de mudanças só ocorrem quando o Executivo concorda. E Temer tem se manifestado a interlocutores favorável à medida."

Maggi também comentou o cenário agrícola encontrado por ele à frente da Agricultura, pouco mais de um mês após assumir a pasta, no lugar de Kátia Abreu. "Nossa safra não será recorde e temos problemas climáticos. Na esteira disso, a maior demanda que encontrei é como ajudar os produtores que perderam capacidade de gerenciar caixa." 

Conforme ele, são necessários instrumentos que deem autonomia para que os bancos possam prorrogar parcelas de dívidas agrícolas para cinco anos, de modo a "dar fôlego" à atividade. Para ele, os bancos públicos agem com rapidez nesse sentido. "Não entraremos na seara de discussão dos bancos privados", ponderou.

O ministro também destacou que é necessário dar continuidade a investimentos em defesa fitossanitária, para que o País não seja "alijado do mercado". Em relação ao Plano Safra 2016/2017, anunciado em maio e que vale para a temporada que se inicia no próximo dia 1º de julho, Maggi disse que algumas adequações estão sendo tratadas com os ministérios da Fazenda e do Planejamento.

Ele informou, contudo, que o governo deve quitar R$ 300 milhões de dívidas com seguro agrícola em até 30 dias. Quanto ao Moderfrota, voltado à compra de maquinários, o ministro disse que o programa terá "recursos suficientes", da ordem de R$ 5 bilhões, para um mercado que está "pouco aquecido".

O discurso de Maggi vai ao encontro daquele feito pelo secretário de Política Agrícola, Néri Geller, em evento na semana passada na capital paulista. Na ocasião, Geller afirmou que os recursos para o Moderfrota e o Inovar Agro seriam elevados para R$ 7,5 bilhões e R$ 3 bilhões, respectivamente.

Sobre o milho, commodity cujas cotações internas dispararam neste ano em razão da oferta apertada, Maggi afirmou que o governo trabalhará em duas frentes: elevar o preço mínimo e facilitar as importações do cereal. "Hoje o preço mínimo está em R$ 12 por saca, e a Fazenda está propondo elevar para R$ 15 a R$ 16. Nós entendemos que tem de ser R$ 18, para cobrir os custos variáveis de produção, para o produtor olhar como oportunidade de negócio", avaliou.

Do lado das importações, o chefe da Agricultura comentou que já está em discussão com a Fazenda deixar todas as estruturas preparadas para a compra externa do cereal. "Precisa passar pela Camex e ter autorização da Fazenda, mas se formos eficientes isso estará resolvido quando chegar o período de safra."

Maggi informou também que ainda não foi sugerido um nome para comandar a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o qual, pelas negociações políticas, ficaria a cargo do PTB. "Os partidos indicam e eu demito se não estiver de acordo com minha linha de pensamento", frisou.

Em sua opinião, a entidade deve se limitar apenas à política de armazenamento.Indagado sobre a marca que pretende deixar no Ministério da Agricultura, Maggi afirmou que buscará "desburocratizar sem perder o controle". "Precisamos trabalhar com a Fazenda e o Planejamento, porque o setor que mais responde e que responde rápido é a agricultura", concluiu.