Publicado em 20/07/2016 16h54

Substituição de antibióticos por solução natural favorece controle de parasitas na aquicultura

No mundo aquícola, as mudanças climáticas afetam diretamente o comportamento do ambiente de produção e, consequentemente, o desempenho e saúde dos animais do local.
Por: Mariana Midori Nagata, Zootecnista formada pela UNESP - Dracena, Gerente de Vendas Aquicultura da Alltech do Brasil.

O Brasil, por seu território de proporções continentais, apresenta diferentes comportamentos climáticos em cada região, além desse fator, a cada ano que passa, as mudanças no clima tornam-se mais imprevisíveis. Ora observam-se invernos cada vez mais rigorosos e curtos, ora verões extensos e com pouca chuva.

Cada espécie animal, independente do habitat natural, possui diferentes níveis de vulnerabilidade a bactérias, parasitas, vírus ou outros patógenos. Porém os agentes causadores de doenças em organismos aquáticos são diversificados e influenciados pelas condições ambientais e estilo de criação animal, podendo ser encontrados diferentes gêneros de bactérias no país.

Outro fator que interfere na distribuição de tais agentes no meio aquícola é a sazonalidade. As estreptococoses, por exemplo, são doenças típicas da alta temporada, aparecendo com mais frequência nos meses mais quentes. Enquanto isso, a franciselose é mais comum durante o inverno, acometendo os animais especialmente em condições de temperatura inferiores a 24°C.

No outono de 2015, a franciselose, causou grandes perdas nas pisciculturas, especialmente no sudeste do Brasil. Essa bactéria gram negativa intracelular induz a formação de granulomas situados principalmente no baço e rim, podendo acometer brânquias, fígado, coração e cérebro. Os animais com franciselose em estágio avançado exibem natação errática, escurecimento do corpo e, ocasionalmente, exoftalmia com natação em rodopio. Estudos mostram que a bactéria pode viver dentro de protozoários ciliados, o que reforça a hipótese de que esta bacteriose possa ser transmitida na piscicultura por meio de parasitos ciliados comumente encontrados nos peixes, tais como Trichodina, Chilodonella, Epistylis entre outros.

Por isso, frequentemente, os antibióticos são usados na aquicultura como alternativa de prevenção. O medicamento muitas vezes é aplicado antes que os animais sejam submetidos a determinados manejos, como o banho de imersão durante o transporte ou períodos de pré-desafio de manejo. Isso significa que, nesses casos, ele entra em cena nos dias que antecedem as classificações, vacinações e biometrias.

No entanto, o uso indiscriminado e desnecessário dos antibióticos, ou objetivando uma ação preventiva, é um equívoco dos produtores que o adotam, podendo gerar um problema de grande importância para a saúde animal, humana e ambiental. Os agentes bacterianos possuem a habilidade de desenvolver diferentes estratégias para alcançar a resistência, de modo que ocorre uma pressão seletiva para o desenvolvimento de bactérias persistentes aos fármacos.

Os diversos tipos de bactérias interagem entre si e realizam as trocas de genes de resistência, o que permite que espécies sensíveis aos antibióticos tornem-se resistentes ou multirresistentes. Sendo assim, os animais não estão em seu pleno estado de saúde, havendo infecções ou infestações subclínica, se tornam detectáveis após estes desafios, causando então as mortalidades.

Como forma alternativa ao uso de antibióticos, por meio de pesquisas e desenvolvimento de soluções, a Alltech busca estabelecer estratégias de controle, especialmente no período pré-desafio, para então alcançar o aumento natural da resistência dos animais. A utilização da solução Aquate Fish, comprovou em trabalhos a campo a diminuição do índice de parasitas presentes nos animais, durante pelo menos 15 dias (Pádua et al., 2014; Pádua et al., 2015), apresentando como uma ferramenta importante na prevenção e controle de parasitas ciliados, essencial para prevenção das doenças bacterianas, como a Francisella.

Além dos benefícios trazidos ao animal, o equilíbrio da microbiota intestinal, com o favorecimento do desenvolvimento das bactérias benéficas também é observado com o uso contínuo de ferramentas como as frações ativas da mananoproteína presentes no Aquate Fish. Portanto, funciona como ferramenta preventiva, de uso contínuo ou específico, desenvolvido de maneira natural (a partir de leveduras) e sustentável, com certificado de garantia e qualidade padrão.

A constatação é que, cada vez mais, o produtor de proteína de origem animal e/ou vegetal, buscará alternativas sustentáveis e naturais, que não agridam o meio ambiente e tão pouco o consumidor final, isso não somente pelo aumento da demanda e exigência de mercado por produtos com qualidade e seguros, mas por uma questão consciente, responsável e humana.

 

Mariana Midori Nagata, Zootecnista formada pela UNESP - Dracena, Gerente de Vendas Aquicultura da Alltech do Brasil.

Referências:

de Pádua, S.B.; Filho, R.N.M.; Belo, M.A.A.; Nagata, M.M. 2014. A nutritional additive increases survival and reduces parasitism in Nile Tilapia during masculinisation. Aqua Culture Asia Pacific, 10(5):24-27

de Pádua, S.B.; Martins, M.L.; Filho, R.N.M.; Nagata, M.M. 2015. Uso de Aquate Fish TM durante a formação de juvenis de Tilápia. Panorama da Aquicultura, 147:42-46

Validação realizada na Piscicultura Aquabel, localizado na Fazenda Belmonte, em Rolândia/PR. (2014)