Publicado em 27/09/2016 16h39

Festival do cacau e chocolate de Belém recebe 30 mil pessoas

Evento realizado na capital paraense movimenta R$ 2 milhões e investe na valorização do chocolate de origem
Por: ELIANE SILVA*, DE BELÉM (PA)

cacau

Participaram 52 expositores de chocolate e derivados e outros 37 de outros produtos. Foto: Ivan Duarte/Divulgação

Cerca de 30 mil pessoas passaram pelos estandes do 4º Festival Internacional do Cacau e Chocolate, encerrado no último domingo (25/9), no Centro de Eventos Hangar, na capital paraense, Belém. Mesmo com investimento menor, R$ 700 mil ante o R$ 1 milhão do ano passado, o festival agradou público e organizadores devido à qualidade dos produtos apresentados e à maior conscientização dos participantes sobre a importância de se valorizar os produtos de origem, agregando valor ao cacau produzido no Estado.

Segundo o empresário baiano Marcos Lessa, que organizou o festival a convite do governo paraense, o evento somou R$ 2 milhões em negócios nos quatro dias e projetou outros R$ 5 milhões em negócios futuros. Participaram 52 expositores de chocolate e derivados e outros 37 de outros produtos. Na organização, Lessa teve a parceria de 17 instituições do Estado, entre elas o Sebrae.

Ele conta que o Festival, iniciado em 2013, já proporcionou a instalação de duas novas agroindústrias de cacau no Pará. Outras três estão em planejamento. “Fomentar a verticalização significa agregar valor ao produto e colocar o cacau no mesmo caminho percorrido pelo vinho e pela cerveja, com investimento em valorização da origem e abertura de mercado no exterior. Isso gera mais renda e empregos para o Estado.” E há muito espaço para crescer: atualmente, o Pará processa apenas 3% do cacau que produz.

Diversidade 

No primeiro festival, apenas uma marca de chocolate local expôs seus produtos. Neste ano, o número subiu para seis. Uma das marcas mais procuradas no evento foi a Nayah - Sabores da Amazônia, indústria nascida e ainda mantida como empresa incubada na Universidade Federal do Pará. A engenheira de alimentos e professora universitária de gastronomia Luciana Ferreira Centeno, que criou a fábrica de chocolates em 2015 com uma sócia, após ganhar um prêmio de inovação em competição na Unesco, conta que a marca tem foco no mercado regional e já está presente em Manaus e Ilhéus, além de buscar parcerias para chegar a outros Estados.

Neste ano a Nayah, nome inspirado na índia da lenda da Vitória Régia, lançou no festival uma linha de cinco chocolates de origem intitulada Terroir Amazônia com 70% de cacau – a lei brasileira determina que é preciso pelo menos 25% de cacau para o produto usar o nome de chocolate, mas o setor briga para que o mínimo volte a ser 35%. A matéria-prima da nova linha veio das cidades paraenses que mais produzem a amêndoa: Medicilândia, Tomé-Açu, Barcarena, Ilha do Combu e Tucumã.

No primeiro semestre, a indústria já havia lançado uma edição limitada com cinco barras de 400 g que evocam pontos turísticos de Belém, em comemoração aos 400 anos da cidade. Da pequena linha de produção semi-artesanal saem ainda chocolates de 40 g, 50 g e 5 g, além do tablete de cupuaçu. A Nayah tem capacidade de produzir 500 kg de chocolate por mês, mas ainda trabalha com 60% desse volume. “Nossa marca tem um compromisso com o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, diz Luciana, que só trabalha com fornecedores locais. 

O festival teve a participação também de cooperativa de bombonzeiras do Pará e expositores de outros Estados, como a Bahia. Um estande internacional chamou a atenção dos visitantes: Jorge Ferreira, dono da empresa portuguesa Meia Dúzia, apresentou suas geleias de frutas acondicionadas em bisnagas. O empresário planeja acrescentar ao portifólio dos seus produtos geléias produzidas com cupuaçu e outras frutas típicas brasileiras.

Neste ano, o Estado do Pará, que tem 160 mil hectares de área plantada de cacau, deve assumir a liderança do ranking nacional de produção da matéria-prima do chocolate, ultrapassando a Bahia, que teve quebra recorde de safra devido à seca. A estimativa é uma produção de 116 mil toneladas de cacau, um crescimento de 68% em 5 anos, ante a projeção de 105 mil toneladas da Bahia. A cacauicultura emprega 230 mil pessoas no Pará, segundo números da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap).

Flor e jóias 

Simultaneamente ao festival de cacau, foi realizado no Hangar de Belém a 16ª Flor Pará, exposição de espécies cultivadas na Amazônia. Também foram apresentadas semijoias produzidas por designers e microempresários do Programa Polo Joalheiro do Pará. O evento teve ainda palestras, rodadas de negócios, workshops e oficinas de gastronomia

* A jornalista viajou a convite do 4º Festival Internacional do Cacau e Chocolate.