Publicado em 18/10/2016 14h59

Estudo alerta sobre pontos de entrada de lagarta no Brasil

Chilo partellus pode atacar lavouras de diversas culturas, ressaltam pesquisadores da Embrapa
Por: Globo Rural

Um estudo divulgado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) alerta para eventuais pontos de entrada da lagarta conhecida como Chilo partellus. A praga pode prejudicar lavouras comomilho, sorgo, arroz, trigo e cana-de-açúcar.

De acordo com a Embrapa, a lagarta é originária da Ásia e já existem registros de sua ocorrência na África, Oriente Médio e na Austrália. No Brasil, é catalogada como praga quarentenária A1, que identificaameaças potenciais para o campo, mas que não estão presentes no território nacional.

Na fase adulta, a Chilo partellus é uma mariposa. No entanto, os maiores danos são causados na fase jovem, ainda como lagarta. "Os ataques mais severos ocorrem em cultivos de milho e sorgo, variando de acordo com o local", conta a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Maria Conceição Pessoa, uma das autoras do trabalho, em nota divulgada pela empresa nesta terça-feira (18/10).

Para exemplificar os riscos, os pesquisadores relatam que áreas com milho e sorgo na África do Sul com perdas de mais da metade da produção. Em Moçambique, lavouras de milho tardio chegaram a ter quebras de 70% por causa da praga.

No território brasileiro, informam que a região mais vulnerável à lagarta vai da fronteira com o Paraguai, até a região de Sorocaba, no interior de São Paulo. Esses locais associam clima favorável e a presença de culturas que são tipicamente atacadas. Mas há outros possíveis pontos. Entre eles, o Rio Grande do Sul – por causa das lavouras de arroz – além de uma faixa litorânea entre Sergipe e o Rio Grande do Norte e áreas ao norte e leste de Roraima.

Para os estudiosos, esse "mapeamento" dos potenciais pontos de entrada da Chilo partelluspodem servir de subsídio para a defesa agropecuária nacional. A nota da Embrapa informa que, em parceria com a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, devem ser priorizadas em planos de contingência e fiscalização 20 pragas que não estão no país mas que podem causar forte impacto no sistema produtivo.

"O ingresso da praga, sem o conhecimento prévio de sua biologia, comportamento ou de alternativas para a correta detecção, contenção e controle inicial, poderia causar danos significativos, inclusive pela demora na sua identificação de presença nos cultivos, podendo causar sérios problemas locais de ordem econômica", diz a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Jeanne Marinho Prado, no comunicado.