Publicado em 27/04/2017 18h23

Maggi espera definir nas próximas semanas o Plano Safra 2017/2018

Ministro da Agricultura afirmou também que o conhecimento gerado pela Embrapa deve ter um preço a ser cobrado pelo Brasil
Por: Estadão Conteúdo

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta quinta-feira (27/4) que espera definir nas próximas semanas o Plano Safra 2017/2018. Segundo ele, será discutida com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a questão dos juros do crédito ligado ao Plano Safra para o ano agrícola que começa em 1º de julho.

O Ministério da Agricultura defende taxas inferiores a 5% ao ano. "Não conseguimos ainda definir isso (os juros), mas o Plano Safra vai sair dentro dos prazos previstos", disse Blairo. "Nesta semana eu tive uma reunião com o ministro Meirelles e definimos uma agenda para as próximas duas semanas, em que devemos ter definido este tipo de situação", disse.

De acordo com Blairo, considerados os últimos cinco anos, em quatro deles os juros cobrados ao produtor foram negativos. "Ano passado já pagamos 3% de juros na agricultura. Se mantivermos os mesmos números, nós iríamos para 5% agora - um juro incompatível com a atividade agrícola de altíssimo risco, a céu aberto, como a nossa", disse o ministro.

Blairo afirmou que o governo busca espaço fiscal para que o Plano Safra tenha o necessário. "Nas próximas semanas, a ideia é que a gente consiga fazer isso", afirmou. "A agricultura defende taxas menores. O ministério entende que taxas positivas de 5% ao ano são muito onerosas aos produtores, principalmente quando você vai fazer investimentos de longo prazo", acrescentou.

Cana-de-açúcar

O ministro da Agricultura afirmou ainda que o encontro que pretende ter com o setor canavieiro, na próxima semana, será apenas "para conversar". "Vou ouvi-los", afirmou Blairo, sem passar mais detalhes do compromisso. Na próxima segunda-feira (1º), o ministro aproveitará sua participação na abertura da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), para realizar uma agenda com o setor sucroenergético. Após deixar a feira, ele segue para a fazenda Santa Isabel, em Guariba (SP), do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que produz cana-de-açúcar.

Embrapa

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou, durante evento pelo aniversário de 44 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que há um redirecionamento das estratégias na instituição neste momento. Segundo ele, o Brasil deve cobrar pelo que faz de melhor: a pesquisa agropecuária. "Todos querem o que o Brasil tem, ou seja, o conhecimento. Mas este conhecimento custou bilhões de reais, bilhões de dólares. Não podemos entregar a troco de nada", disse o ministro. "A Embrapa está disponível a outros países, mas vamos negociar."

Maggi contou que, em viagem à Coreia do Sul, disse a interlocutores que eles eram vendedores de tecnologia digital ao Brasil. "E vocês querem a informação, o conhecimento da parte agrícola do Brasil, sem pagar nada?", disse. "O conhecimento da agricultura é nosso, ele pertence a nós." O ministro afirmou que a Embrapa está perdendo terreno e precisa ser revigorada. "O modelo da Embrapa constituído há 44 anos não é mais o vigente hoje no mundo", disse. "Só que o enfrentamento necessário não será feito apenas com o dinheiro da União, porque nós não temos", acrescentou.

O comentário de Blairo surge em um contexto de contenção de orçamento na Embrapa, em função da crise econômica. "O Brasil vive momento de crise muito grande. O País não tem condição hoje de fazer enfrentamentos", disse. De acordo com o ministro, a prioridade atual do governo é fazer as reformas e, segundo ele, o presidente Michel Temer "está correto em relação a mudanças a serem feitas". "A economia é fruto do planejamento que o País tem. Convoco a Embrapa a pensar fora da caixinha, fora do momento de dificuldade", afirmou.

Durante seu discurso, Blairo Maggi também citou a importância da Embrapa para o setor produtivo. "O Brasil, até a década de 1980, era importador de alimentos, de fibras. Diferentemente de muitos países que receberam da natureza solos férteis, vemos que no Brasil não foi assim", afirmou. "Nossos solos são extremamente fracos, as terras são pobres. O conhecimento da Embrapa deu oportunidade de o Brasil ser um dos maiores do mundo em alimentos."