Publicado em 24/05/2023 11h02

Silenciamento de genes pode ser a GRANDE SOLUÇÃO

A ação do RNAi é um processo natural em animais e plantas, organismos eucarióticos.
Por: Leonardo Gottems

Os mecanismos de RNA interferentes, já utilizados no controle de pragas e doenças de lavouras, visam ganhar espaço de atuação onde o campo gera mais resíduos químicos: a eliminação de ervas daninhas por meio de herbicidas.

Já existe no biocontrole de pragas e as pesquisas sobre sua aplicação lançam cada vez mais luz sobre seu potencial. O RNAi ou interferência de RNA é usado para silenciar genes essenciais para a sobrevivência de uma praga, fazendo com que, por exemplo, o inseto ou agente patógeno não se reconheça e ative um mecanismo de ataque.

A ação do RNAi é um processo natural em animais e plantas, organismos eucarióticos, onde RNAs interferentes podem induzir silenciamento gênico transcricional e pós-transcricional. Na proteção de cultivos é uma ferramenta com muito potencial, tema que estará nas apresentações do Conferência Anual de Bioestimulantes e Biocontrole da Redagrícola em Cancun nos dias 5 e 6 de julho de 2023. Depois que as evidências no campo mostraram que o RNA exógeno mata pragas e patógenos, foi estabelecida a possibilidade de usá-lo para manter a saúde das lavouras além de pragas e doenças: no controle de ervas daninhas.

O RNAi induzido por pulverização, conhecido como silenciamento de gene induzido por pulverização (SIGS), foi proposto como um método de gerenciamento de ervas daninhas de última geração e envolve a pulverização de ervas daninhas com pequenos RNAs (sRNAs) que visam o mRNA de genes que codificam para 1) alvos de herbicidas, 2) fenótipos letais quando a transcrição é reduzida ou eliminada pelo RNAi, e 3) crescimento e desenvolvimento normais. Dessa forma, os sRNAs seriam projetados para atingir seletivamente uma erva daninha ou um grupo de espécies relacionadas.

Uma patente foi publicada em 2011 usando o SIGS para reverter a resistência ao glifosato na erva daninha  Amaranthus palmeri. A expressão aumentada de EPSPS (potencial excitatório pós-sináptico) foi silenciada, restaurando o glifosato como ferramenta de controle. Isso demonstra seu potencial de uso como herbicida e até mesmo sua capacidade de 'silenciar' a resistência a produtos.