Publicado em 03/01/2024 17h54

Raízes do tomate racionam água na seca

Os pesquisadores testaram o papel da suberina exodérmica na tolerância à seca.
Por: Leonardo Gottems

As plantas, para sobreviver às mudanças ambientais, precisam ser flexíveis, adaptando-se de maneira mutável às variações no clima e nas condições que enfrentam. Um exemplo desse mecanismo de adaptação é a produção de suberina pelas raízes das plantas para lidar com a seca. A suberina, um polímero repelente à água, é essencial para evitar que a água flua para as folhas, onde evaporaria rapidamente. Sem esse mecanismo, a perda de água seria comparável a deixar uma torneira aberta.

Em algumas plantas, como aquelas que possuem células endodérmicas revestindo os vasos dentro das raízes, a suberina é produzida nesses locais. No entanto, em outras plantas, como o tomate, as células exodérmicas, localizadas abaixo da pele da raiz, desempenham esse papel. Embora o papel da suberina exodérmica fosse anteriormente desconhecido, um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, Davis, publicado na Nature Plants em 2 de janeiro, revela que ela desempenha a mesma função que a suberina endodérmica. A ausência desse componente torna os tomateiros menos capazes de lidar com o estresse hídrico.

Siobhan Brady, professora do Departamento de Biologia Vegetal e Centro de Genoma da UC Davis e autora sênior do estudo, destaca que a descoberta da função da suberina exodérmica oferece uma ferramenta adicional para ajudar as plantas a enfrentar condições ambientais adversas. Ela compara o processo a um quebra-cabeça, sugerindo que identificar quais células possuem modificações protetoras durante condições difíceis permite a construção de defesas mais robustas nas plantas.

Em experimentos subsequentes, os pesquisadores testaram o papel da suberina exodérmica na tolerância à seca, expondo tomateiros mutantes a um período de dez dias sem água. Duas enzimas, SIASFT e SlMYB92, envolvidas na produção de suberina, foram alvo desses experimentos. Os resultados confirmaram a necessidade desses genes para a produção de suberina, indicando que os tomateiros mutantes, sem eles, apresentaram menor capacidade de enfrentar o estresse hídrico, murchando significativamente após o período de seca. Essas descobertas têm potencial para contribuir para o desenvolvimento de culturas mais resistentes à seca.