Publicado em 07/02/2024 09h00

Recuperações judiciais afetam empresas familiares

Especialista destaca os maiores desafios enfrentados pelas empresas familiares.
Por: Leonardo Gottems

O universo empresarial brasileiro é dominado por empreendimentos familiares, responsáveis por 65% do PIB e 75% da força de trabalho, segundo o IBGE. No entanto, essas empresas enfrentam desafios significativos, evidenciados pelo fato de que em 2023, cerca de 90% das quase 1500 empresas em recuperação judicial eram familiares. 

O contexto macroeconômico, com a escassez de crédito após estímulos durante a pandemia, agravou a situação, deixando muitas delas sem recursos e perspectivas. Especialistas apontam que a maioria dessas empresas não está preparada para crises, apresentando desafios distintos.

Segundo Milanese, praticamente todas as companhias familiares que entraram com pedido de recuperação judicial têm problemas graves de gestão. “São aspectos básicos, facilmente detectáveis, e que podem ser corrigidos com um pouco de organização”, diz. “No entanto, é comum que só recorram a auxílio profissional quando a situação já está desesperadora - quando, por exemplo, o capital de terceiro é maior que o próprio. Nesses casos, as possibilidades de financiamento diminuem e uma reestruturação completa e dolorosa é inevitável”.

O especialista destaca os maiores desafios enfrentados pelas empresas familiares, oferecendo orientações para superá-los. Ele ressalta a importância da profissionalização, instando os empresários a contratarem pessoas capacitadas para compor equipes qualificadas.

Além disso, enfatiza a necessidade de uma governança clara, definindo papéis e remunerações para evitar conflitos e atrasos nas decisões. A organização interna é crucial, com ênfase na importância do controle operacional e financeiro para evitar a falência. O planejamento de médio e longo prazos, abrangendo objetivos e questões orçamentárias, é vital. 

Quanto à sucessão, destaca a formação de sucessores e a importância de estabelecer controles internos, mesmo que a empresa não permaneça na família. O especialista adverte sobre a urgência dessas ações, evitando a recuperação judicial, uma medida drástica com impacto imediato na reputação da empresa.