Publicado em 12/02/2024 09h58

Maior oferta vem derrubando a soja

Prevê-se uma recuperação nos estoques mundiais de soja.
Por: Leonardo Gottems

A análise recente do Itaú BBA destacou a persistente tendência de queda nos preços da soja em Chicago, atribuída a um panorama global de maior oferta e aumento nos estoques mundiais. Apesar da quebra na safra brasileira, a redução foi menor do que o esperado, com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) confirmando um corte de 4 milhões de toneladas. 

As projeções indicam aumento na produção da Argentina em 2 milhões de toneladas, impulsionada por condições climáticas favoráveis após o impacto negativo do fenômeno La Niña no ano anterior. Com o aumento previsto nas produções de Paraguai e Uruguai, a América do Sul pode contribuir com cerca de 20 milhões de toneladas a mais no mercado internacional em comparação com a safra passada, exercendo pressão adicional nos preços de Chicago.

Prevê-se uma recuperação nos estoques mundiais de soja, com um crescimento estimado de 12%, atingindo 115 milhões de toneladas, conforme indicado pelo último relatório do USDA. No entanto, os dados indicam que o esmagamento desacelerou.

“As margens de esmagamento se tornaram negativas na China. A rentabilidade da suinocultura chinesa também está no vermelho, o que acaba restringindo a demanda por farelo de soja. Isso, por sua vez, reduz o apetite pela importação de soja para ser esmagada no país”, comenta.

Os estoques de soja nos portos chineses atingiram níveis próximos às máximas dos últimos 5 anos, desacelerando a importação do grão. O USDA prevê um aumento de 3,4% no consumo chinês de soja, alcançando 120,5 milhões de toneladas em 2023/24, e uma expectativa de importação de 98 milhões de toneladas, representando um acréscimo de 3,2% em relação a 2022/23. A evolução das margens de esmagamento e a demanda chinesa são fatores cruciais a serem monitorados, dada a incerteza em torno do crescimento econômico do país, com impactos diretos nos preços da soja.