Publicado em 21/02/2024 14h47

Biossoluções podem conter avanço do greening

A Huanglongbing (HLB), mais conhecida como greening ou “amarelinho”, tem potencial destrutivo elevado, pois causa a queda de frutos e morte precoce da planta
Por: Pec Press

Desde o ano passado, o Paraná está em estado de atenção para o greening. A doença ataca os citros e se alastra pelas regiões Norte e Nordeste, onde está localizado o polo produtor do estado, com 20,5 mil ha de pomares laranjas, 7 mil ha de tangerinas e 1,5 mil ha de lima ácida Tahiti.

De acordo com nota técnica emitida pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SEAB), um dos principais fatores que, inclusive, levaram ao decreto de emergência fitossanitária, está associado ao abrupto aumento da infestação do inseto vetor, o psilídeo dos citros (Diaphorina citri).

“O decreto de emergência fitossanitária é um instrumento drástico, mas nos dá possibilidade de tomar as medidas necessárias de forma mais efetiva na tentativa de controlar o problema, pois a citricultura é uma atividade muito importante para o estado”, disse Norberto Ortigara, secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná.

Com a produção de 842 mil toneladas de frutos, a citricultura responde, sozinha, por um VBP (Valor Bruto da Produção) de R$ 827 milhões. Em São Paulo e Triângulo Mineiro, outros dois grandes polos produtores, a doença já compromete 21% da produção, segundo dados da Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). 

 

Biológicos diminuem prejuízos 

A Huanglongbing (HLB), mais conhecida como greening ou “amarelinho” tem potencial destrutivo elevado, pois causa a queda prematura de frutos e a morte precoce da planta. Locais em que a infestação do psilídeo é acentuada, os produtores necessitam pulverizar inseticidas semanalmente durante o ano todo, o que pode levar à resistência do inseto, contaminação do solo e dos alimentos.

A boa notícia é que nos últimos três anos cresceu a oferta de biossoluções elaboradas a partir de micro-organismos vivos, a exemplo de fungos, bactérias e até mesmo enzimas de óleos essenciais substâncias bioativas de extratos vegetais. É o caso do PREV-AM, aprovado pelo Ministério da Agricultura para comercialização em 2020.

Composto pelo óleo essencial da casca de laranja Formulado com blends de terpenóides originário do metabolismo secundário das plantas, o produto controla exponencialmente a infestação de psilídeo. PREV-AM provoca a desnaturação da parede proteica e expulsa os fluídos corporais, matando a praga ainda na fase de ninfa. Já o inseto adulto perde a capacidade de voar e se reproduzir.

“Diferentemente da maior parte dos fitossanitários usados na agricultura, PREV-AM não ameaça a população de predadores naturais e polinizadores, a exemplo das abelhas, além de possuir baixa toxicidade à cultura e não deixar resíduos nos alimentos. Os frutos podem ser consumidos 24 horas após aplicação do produto”, explica Marlon Assunção, Global Crop Technology & Product Scouting Manager, da Rovensa Next Brasil.

Outra biossolução eficaz no controle do psilídeo é o BOVENEXT. Lançado no ano passado pela Rovensa Next Brasil, durante o Simpósio de Controle Biológico, ele coloniza o hospedeiro até a sua morte e ainda potencializa a contaminação tarsal. Os dois produtos podem ser utilizados juntos. PREV-AM age por contato e pode matar o psilídeo em 24 horas; o BOVENEXT leva os vetores do greening à morte de cinco a sete dias.

 

Como saber se as plantas estão com greening?

Segundo informações de Adriana de Cássia Mistroni da Silva, Coordenadora Regional de Vendas da Rovensa Next Brasil, o sintoma inicial da doença aparece em um ramo ou galho, que se destacam pela cor amarela. 

“As folhas apresentam coloração amarela pálida formando manchas irregulares, mosqueadas. Em alguns casos, observam-se ainda o engrossamento e o clareamento das nervuras da folha”, descreve a consultora. Com a evolução do quadro, há intensa desfolha, tomando toda a copa, inclusive com morte dos ponteiros.

Em plantas novas afetadas pelo greening, em alguns casos, não se observa folhas com o mosqueado típico. Nessas, o sintoma se caracteriza pelo amarelecimento generalizado das folhas. Os frutos apresentam aspecto deformado e assimétrico, além de tamanho pequeno e intensa queda.

“É comum a ocorrência de sementes abordadas, pequenas e de coloração escura. Também pode ocorrer maturação irregular interna do fruto, onde apenas um dos lados fica maduro. Na casca, podem aparecer pequenas manchas circulares verde-claras”, conclui Adriana de Cássia.

A confirmação do diagnóstico deve ser feita por teste de reação em cadeia da polimerase, conhecido pela sigla “PCR”. O greening não tem cura, assim, pode dizimar toda a plantação porque requer a destruição das plantas doentes. 

A preocupação é nacional. Em São Paulo, por exemplo, há produtores migrando de cidades produtoras como Bebedouro, Descalvado e Limeira para o entorno de Ubirajara e Avaré, onde as condições climáticas são desfavoráveis ao desenvolvimento do psilídeo.