O agronegócio brasileiro, líder mundial nas exportações de carne de frango, enfrenta um momento de atenção após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial em Montenegro (RS). A ocorrência da doença, que já afetava outros países, agora impacta diretamente as exportações brasileiras, com diversos mercados suspendendo temporariamente as compras, seguindo protocolos sanitários previamente estabelecidos.
Carlos Cogo, Sócio-Diretor de Consultoria da Cogo Inteligência em Agronegócio, explica que o Brasil, responsável por 36% do mercado global de exportação de carne de frango, está em um cenário delicado. "Influenza Aviária é uma doença viral que afeta aves silvestres, aves domésticas ou de produção, e também, mamíferos. A Influenza Aviária Altamente Patogênica (HPAI) é disseminada rapidamente, causando doença grave com alta mortalidade nas aves (até 100% em 48 horas)", comenta Cogo.
Atualmente, as exportações brasileiras de carne de frango estão suspensas para China, União Europeia, Argentina, Uruguai e Chile. No entanto, países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Reino Unido e Filipinas mantêm os embarques, desde que as cargas provenham de regiões não afetadas pela doença.
A China, apesar de ser a maior compradora individual, representa pouco mais de 10% do total exportado pelo Brasil. O Oriente Médio, por sua vez, responde por cerca de 30% das vendas externas da proteína.
Carlos Cogo alerta que o impacto da gripe aviária pode se estender para outros setores do agronegócio. "Além da avicultura, o impacto pode se estender para os mercados de carne suína e bovina, bem como para a cadeia de insumos, especialmente grãos como o milho, utilizado na alimentação animal", explica.
Até o momento, o mercado interno de frango apresentava preços firmes ao produtor e no atacado da carne, com boa liquidez nas últimas semanas. O escoamento proporcionado pela exportação exerce grande influência sobre o equilíbrio doméstico dos preços.
A situação exige atenção redobrada de todos os elos da cadeia produtiva, bem como das autoridades sanitárias, para conter a disseminação da doença e minimizar os impactos negativos nas exportações e no mercado interno.