A colheita da segunda safra de milho no Brasil se aproxima, trazendo consigo a expectativa de uma produção robusta e a preocupação com os possíveis impactos da gripe aviária no consumo interno e nas exportações. O Rally da Safra, organizado pela Agroconsult, iniciou a etapa de avaliação das lavouras em meio a um cenário de otimismo quanto ao volume a ser colhido, mas com cautela em relação ao mercado.
A Agroconsult estima que a segunda safra de milho alcance 112,9 milhões de toneladas, um aumento de 10,5% em relação à safra anterior. A área plantada também registrou crescimento, chegando a 17,9 milhões de hectares, 6,1% a mais do que no ciclo passado. A produtividade média é estimada em 105 sacas por hectare, um aumento de 4,1%.
Se as projeções se confirmarem, o Brasil deverá colher 140 milhões de toneladas de milho na safra 2024/2025, o que representaria a segunda maior safra da história, ficando um pouco abaixo do recorde de 141,8 milhões de toneladas registrado na safra 2022/2023.
O coordenador do Rally da Safra, André Debastiani, explica que o plantio atrasado, principalmente nos estados de Mato Grosso e Goiás, gerou incertezas sobre o potencial produtivo das lavouras. No entanto, as chuvas bem distribuídas durante os meses de abril e maio garantiram boas condições para o desenvolvimento das plantas.
"Trata-se de uma segunda safra de milho com crescimento expressivo de área, mas que carregava uma dúvida grande sobre seu potencial produtivo em razão das lavouras terem sido implementadas em calendário de maior risco", afirma Debastiani. "O alongamento do ciclo da soja levou ao plantio mais tardio do milho - já no mês de março - especialmente no Mato Grosso e um pouco em Goiás. Mas o receio dos produtores acabou se dissipando com as boas chuvas de abril e que se estenderam até o início de maio, período mais importante para a definição do potencial produtivo das lavouras".
No Mato Grosso, 72% da produção apresenta alto potencial produtivo, enquanto em Goiás esse percentual é de 62%. Apesar de alguns problemas pontuais, como na região Oeste do Paraná, não há estados em situação crítica.
Apesar das boas perspectivas para a colheita, o avanço da gripe aviária no Brasil é motivo de preocupação para o setor. A demanda interna por milho é estimada em 96,7 milhões de toneladas, impulsionada pelo consumo para a produção de etanol e proteína animal. As exportações devem somar 42,8 milhões de toneladas.
No entanto, o excesso de oferta de milho, combinado com os possíveis impactos sanitários da gripe aviária, pode pressionar os preços em um cenário de comercialização ainda travado. Até o momento, apenas 32,4% da safra foi negociada, o que aumenta a apreensão no setor.
Diante desse cenário, André Debastiani ressalta a importância de os produtores revisarem suas estratégias de comercialização, buscando alternativas para garantir a rentabilidade da safra.