A biodiversidade do Nordeste brasileiro ganha destaque mundial com pesquisas inovadoras da Universidade Tiradentes (Unit), que transformam frutas e plantas típicas em produtos farmacêuticos e cosméticos de alto valor agregado. A iniciativa, focada na sustentabilidade e no empoderamento de comunidades extrativistas, abre novas perspectivas para a bioeconomia regional.
Mangaba, jenipapo e outros bioativos regionais estão sendo utilizados para criar produtos inovadores. Entre eles, destacam-se uma membrana cicatrizante, tintas capilares naturais e um protetor solar vegano e multifuncional.
Uma das principais inovações é a membrana cicatrizante feita a partir de polímeros e moléculas ativas da mangaba. A invenção, já patenteada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), demonstra a eficácia do fruto na cicatrização de feridas. A Saboaria Marvan, empresa local, já utiliza a mangaba em sabonetes artesanais.
O jenipapo é o foco de uma pesquisa para desenvolver tintas capilares naturais. Adilson Allef Moraes Santana, doutorando no PSA/Unit, busca criar uma cadeia produtiva que utilize o jenipapeiro como matéria-prima para colorações capilares. A iniciativa visa evitar metais pesados e outros compostos químicos prejudiciais, atendendo à demanda por cosméticos seguros e sustentáveis.
"A combinação de suporte acadêmico e incentivo ao desenvolvimento de produtos práticos e sustentáveis tem sido crucial para o meu crescimento profissional e para a realização de pesquisas que podem ter um impacto positivo tanto na indústria cosmética quanto na sociedade", afirma Adilson.
As pesquisas da Unit também ganham reconhecimento internacional. Thigna de Carvalho Batista desenvolve um protetor solar vegano e multifuncional com bioativos de plantas do Nordeste. Parte da pesquisa será realizada em colaboração com a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em Portugal.
A Unit e o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) têm se destacado na promoção da sustentabilidade e da inovação. A exploração da biodiversidade brasileira visa desenvolver produtos que respeitem o meio ambiente e promovam a inclusão social e o desenvolvimento econômico de comunidades locais.
O uso de frutos como a mangaba e o jenipapo cria novas oportunidades para as comunidades locais, em especial para as catadoras de mangaba, que desempenham um papel crucial na economia extrativista de Sergipe. A bioeconomia, fundamentada no uso sustentável de recursos biológicos, oferece um caminho promissor para o desenvolvimento regional, ao mesmo tempo em que promove a conservação ambiental.
A cosmética humanizada visa criar produtos que respeitam a saúde humana e o meio ambiente. Ao utilizar ingredientes naturais e seguros, como os bioativos extraídos do jenipapo e da mangaba, essas pesquisas oferecem alternativas aos cosméticos convencionais, promovendo práticas mais responsáveis e sustentáveis dentro da indústria.
A Saboaria Marvan já incorporou a mangaba na produção de sabonetes artesanais.