Publicado em 03/05/2015 23h22

Pós-colheita no segundo módulo da capacitação Embrapa-OCB

De 22 a 24/04, aconteceu o segundo módulo da capacitação na cadeia produtiva de cereais de inverno na parceria Embrapa e Sistema OCB. Diversos fatores envolvendo a pós-colheita de grãos estiveram na programação do grupo que contou com atividades na Embrapa Trigo, UPF, Cotrijal e UFSM.
Por: Joseani M. Antunes | Embrapa Trigo

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Identificação de pragas. Foto: Giovani Fae

A programação iniciou com apresentação sobre Qualidade Tecnológica de Trigo, seguida de prática no laboratório de Qualidade de Grãos da Embrapa Trigo, estrutura utilizada pelas pesquisadoras Martha Z. de Miranda e Eliana Guarienti para explicar os principais quesitos da classificação comercial do trigo segundo a legislação brasileira (peso do hectolitro, força de glúten, estabilidade e número de queda), além de parâmetros importantes para a indústria de alimentos (como dureza do grão, absorção de água, teor de glúten e cor de farinha). Foram abordados, ainda, a ocorrência de contaminantes em trigo (resíduos de pesticidas e micotoxinas), efeito da adubação nitrogenada na qualidade e o uso proibido de dessecantes na colheita antecipada. Segundo as pesquisadoras, conhecer a qualidade de trigo, a indicação de uso final e as demandas da indústria são importantes tanto para os técnicos, quanto para produtores rurais para melhor comercializarem os grãos na pós-colheita. A classe comercial é uma das informações que baliza o mercado e a cadeia produtiva em relação ao tipo de uso em que o cereal poderá ser empregado. Atualmente, a classificação comercial tem como base o peso do hectolitro, a força de glúten (valor W), a estabilidade e o número de queda, mas a indústria avalia outros parâmetros conforme o uso final, como cor da farinha, absorção de água, dureza do grão, entre outros.

As perdas na colheita são inevitáveis, já que as variações no relevo, maturação e porte das plantas sempre acontecem em lavouras de grãos. No trigo, o índice médio de perda devido a problemas mecânicos é de 5%. Na soja, o desperdício na colheita da soja chega a 4% da produção, e no milho as perdas com grãos caídos no chão chegam a 8%. Apenas procedimentos de regulagem básica nas máquinas e a manutenção dos equipamentos associados à qualificação dos operadores podem reduzir significativamente as perdas. Para orientar melhor os técnicos das cooperativas participantes da capacitação o professor da UPF Walter Boller utilizou tanto de métodos teóricos para quantificar perdas na colheita de grãos, quanto de práticas para a correta regulagem de colhedoras.

A contaminação dos grãos por micotoxinas, resultado tanto do ataque de fungos na lavoura quanto da ação de pragas nos armazéns, é um dos problemas enfrentados na pós-colheita. O manejo integrado e a identificação de pragas de grãos armazenados foram apresentados pelos pesquisadores Irineu Lorini (da Embrapa Soja), Paulo Pereira e Alberto Marsaro Junior (da Embrapa Trigo). A visita à Unidade Armazenadora da Cotrijal, uma das cooperativas que adotou o programa MIP Grãos, mostrou aos participantes o melhor caminho para controle das pragas.

Os impactos da presença de giberela no trigo e os efeitos da contaminação por micotoxinas na alimentação humana e animal fecharam a programação com a participação dos pesquisadores Casiane Tibola e José Maurício Fernandes (Embrapa Trigo) e Carlos Augusto Mallmann (UFSM). Foram discutidas formas de controle e amostragem na cadeia alimentar voltadas à construção de estratégias de redução dos níveis de micotoxinas nos alimentos.

Conforme o analista da Embrapa Trigo Giovani Faé, o módulo pós-colheita foi proposto para desenvolver uma visão sistêmica da cadeia produtiva de cereais de inverno com foco no produto final, integrando processos e resultados. "Não é com a lavoura pronta que o trabalho encerra. Os grãos que saem da lavoura representam o pão que sai da padaria ou a ração que se transforma em carne. Existem diversas etapas pós-colheita que dependem da atuação dos técnicos e das cooperativas para garantir que o alimento chegue com qualidade no consumidor final", diz Faé.

O terceiro módulo da parceria Embrapa-OCB está marcado para 24 a 26 de junho com o tema "Integração Lavoura-Pecuária-Floresta". Participam do curso as cooperativas Copasul, Cotrel, Coamo, Coopavel, Cotripal, Coopibi, Copamil, Agrária, CACB, Cotrisal, Coopatrigo, Copacol, Cotribá, CVale, Cotrijal, Castrolanda, Coasa, Coagrisol e Cotriel.

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