Publicado em 28/05/2015 20h40

Expofrísia propõe mais genética e menos custo

A tarefa de melhorar a qualidade do rebanho e, ao mesmo tempo, reduzir os custos de produção é aparentemente impossível para a pecuária leiteira. Mas essa é a proposta da Expofrísia, exposição de genética da cooperativa Batavo que começa nesta terça-feira e segue até sexta (29) em Carambeí, nos Campos Gerais.
Por: Gazeta do Povo (AgroGP)

O evento tende a atrair 15 mil pessoas e movimentar R$ 500 mil com leilões de “vacas do futuro”, que podem multiplicar as médias de rendimento do Brasil, ainda abaixo de 10 litros ao dia por animal em lactação.

A genética, a alimentação e o bem-estar animal permitiram expansão da produtividade na bacia da cooperativa Batavo. Em uma década, o aumento foi de 28 para 35 litros por vaca em lactação ao dia, aponta o diretor conselheiro da cooperativa Batavo Sérgio Spinardi, um dos coordenadores da Expofrísia.

A tecnologia oferecida na feira rompe a barreira dos 40 litros ao dia. Não se trata de marcas atingidas em competição, mas de índices de rotina. Animais que produzem mais de 50 litros/dia são encontrados com facilidade nas fazendas da região. Em dez dias, uma vaca dessas é capaz de produzir o seu próprio peso em leite. Com 200 animais em lactação, Spinardi alcança 33 litros por vaca ao dia.

No entanto, mesmo com essas marcas, as margens de lucro estão apertadas, conforme o setor. Muitos produtores lucram apenas dois ou três centavos por litro de leite produzido, uma vez que os custos encostam na remuneração oferecida pelas indústrias, que caiu de R$ 1 para menos de 90 centavos/l em um ano.

Uma das alternativas para produzir com menos custos é a criação de animais mais rústicos, justamente uma das propostas da Expofrísia. Estão em exposição 328 animais (ante 250 de um ano atrás). E cresce o número de bovinos da raça jérsei e da holandesa vermelha e branca, menos exigentes que as vacas de pelo preto e branco, que sempre predominaram na região dos imigrantes holandeses.

Nove expositores apresentam 70 jérseis. Os 24 expositores de gado holandês mostram 178 das cores preto e branco e 78 das cores vermelho e branco. Ou seja, os lotes que dão cor ao rebanho tradicional chegam perto da metade (148 a 178). São animais que não alcançam os rendimentos das vacas holandesas mais produtivas, mas que por serem menos exigentes acabam se tornando fortes competidores em época de redução de custos.

O preço médio dos animais da feira ainda é considerado acessível. No ano passado, ficou em R$ 15 mil – menos da metade da média de exposições de genética de gado de corte como a Expozebu

Produção cresce três vezes mais que a população brasileira

O crescimento da produção de leite é três vezes maior que o aumento da população no Brasil, que foi de 16% na última década. O país tem 208 milhões de habitantes e, com exportação pouco expressiva, precisa distribuir 34,3 bilhões de litros do alimento ao ano. São 165 litros por habitante anualmente – meio litro por pessoa ao dia.

A produção aumenta em função do crescimento do rebanho e da produtividade. No Paraná, em dez anos , o número de vacas ordenhadas passou de 1,2 milhão para 1,7 milhão, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um aumento de 42%. E o volume da produção de leite cresceu 103%, ou seja, 61 pontos devido à produtividade. No Brasil, a expansão foi de 19%, para 22,95 milhões de vacas, e de 54%, para 34,3 bilhões de l.

O estado (3º maior produtor) cresce acima da média nacional. Dois municípios estão entre os dez maiores produtores, Carambeí (8º lugar, com 130 milhões de litros/ano) e Castro (1º lugar, com 230 milhões). Entre 2003 e 2013, elevaram a produção em índice acima da média do próprio estado, atingindo 109% e 103%, respectivamente.