Publicado em 15/07/2015 11h39

Soja/MT: Preços embalam vendas

Ralis de preços, picos da taxa de câmbio e a proximidade do início do plantio no Estado abriram apetite do mercado
Por: Diário de Cuiabá

soja 15-07-2015

O mês de junho foi um dos melhores momentos de venda para a soja mato-grossense, especialmente, aos grãos da nova safra. O volume comercializado no mercado a termo - onde se travam agora valores e volumes para entrega futura, após a colheita - representa quase 20% da estimativa do ciclo 2015/16, superando em mais de quatro vezes o percentual contabilizado há um ano. Conforme análise do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os ralis de preços e picos ocorridos sobre a cotação da oleaginosa no mercado interno foram suficientes para estimular o apetite de venda dos produtores no mês passado. Mesmo em ritmo positivo de vendas, a safra nova segue com a perspectiva de ofertar os maiores estoques iniciais dos últimos cinco anos.

Da nova safra que será cultivada apenas a partir de setembro, no Estado, 3,5 milhões de toneladas foram vendidas a termo somente em junho, elevando a comercialização para 19,7% da estimativa, ou 5,6 milhões de toneladas, superando, e muito, as 1,3 milhão de toneladas da safra 2014/15 na comparação com igual período do ano passado. “O fator-chave para o progresso da venda antecipada foram as cotações mais atraentes, com média de R$ 53,42/saca para março de 2016, contra R$ 44,20/saca em 2014, ganho anual de 20,85%.

Apesar do grande avanço, os produtores mato-grossenses seguem ainda ‘segurando’ as vendas futuras com a expectativa de que as cotações se elevem ainda mais. Cabe salientar, no entanto, que os preços atuais ofertados para 2016 estão superando o atual ponto de equilíbrio da safra futura”, apontam os analistas do Imea. O ponto de equilíbrio é um importante indicador ao produtor. Se estão superando isso é uma referência de que o custo variável - que são as cifras que o produtor tira do bolso para plantar – está sendo coberto e com ligeira oferta de lucro, em outras palavras, revela que a cotação da saca está cobrindo o custo de produção dela. Para a safra 2015/16, o Imea estima novamente uma produção recorde, dessa vez em torno de 28,37 milhões de toneladas.

Já em relação à safra anterior, foram negociadas 2 milhões de toneladas em junho, volume que elevou a comercialização total em 86,4%, das mais de 27,87 milhões produzidas. Nessa comparação há atrasos em relação ao ciclo anterior, que nesse mesmo período de 2004 totalizava 90%.

MERCADO – Ainda como destacam os analistas do Imea, a cotação da soja no mercado interno valorizou 1,09% na semana passada, fechando com cotação média de R$ 55,68. A taxa de câmbio foi o principal fator que puxou os preços para cima. A taxa de câmbio apresentou boa valorização, 2,01%, encerrando a semana com média de R$ 3,22/US$. A queda brusca da Bolsa chinesa foi um dos fatores para a alta.

ESTOQUE ALTO - O relatório de julho do Imea sobre oferta e demanda para a soja em grão mato-grossense atualizou dados da safra 2014/15 e projeção inicial da 2015/16. O estoque final da safra atual foi elevado para 454 mil toneladas, motivado pelo enfraquecimento da demanda pelo grão, sobretudo, pelas exportações abaixo do esperado anteriormente. Por causa desses fatores, a estimativa de estoque inicial da safra 2015/16 é a maior dos últimos cinco anos. Além disso, com expectativa de aumento da produção em 2016, a oferta deve atingir volumes recordes, de 28,83 milhões de toneladas. A demanda também deve registrar volumes inéditos, crescendo acima do avanço da oferta. “Isso porque, com o aumento produtivo e a taxa de câmbio elevada, a exportação do próximo ano tende a se elevar, além do esmagamento (consumo MT) que também deve crescer. O que se observa inicialmente é uma nova safra com grande apetite de consumo tanto do mercado interno quanto externo”.