Publicado em 09/12/2015 10h47

Não vai faltar dinheiro para pré-custeio em 2016, diz Agricultura

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, disse nesta terça-feira (8/12), durante entrevista coletiva, que foram usados até agora 50% dos recursos do Plano Safra 2015/2016para custeio a juros controlados. O período compreende julho a novembro, os cinco primeiros meses do ano-safra. Ele garantiu, no entanto, que o dinheiro não vai acabar.
Por: Estadão Conteúdo

No lançamento do Plano, em 2 de junho, a Agricultura anunciou um total de R$ 187,7 bilhões para financiamentos. O raciocínio do secretário está baseado no fato de que sempre há mais demanda para custeio no início das safras. "Não vai acontecer em 2016 o que aconteceu este ano: produtores, a partir de fevereiro, reclamando de falta de recursos", garantiu. "Com certeza não vai faltar dinheiro", reforçou. Para evitar isso, segundo ele, a Agricultura já está em tratativas com o Tesouro Nacional.

O pico de demanda para o pré-custeio costuma de ser de abril a junho. Nassar salientou que a queda na demanda por crédito para investimento no período de julho a novembro era esperada. De acordo com dados apresentados, houve um recuo de 46% na contratação de crédito na comparação com o mesmo período de 2014. "A queda era esperada por causa do juro alto e das incertezas sobre os preços", afirmou o secretário.

Pelos dados do Ministério, o balanço dos financiamentos na Safra 2015/16 aponta que nesses cinco meses foram comercializados R$ 62,4 bilhões. O número é menor do que os R$ 73,462 bilhões registrados no Sistema de Operações do Crédito Rural e doProagro (Sicor) do Banco Central porque este inclui os números do Pronaf. 

No caso de investimentos, o montante caiu de R$ 16,897 bilhões de julho a novembro de 2014 para R$ 9,094 bilhões no mesmo período deste ano. Na mesma comparação, os recursos para apoio à comercialização ficaram praticamente estáveis, de R$ 10,671 bilhões para R$ 10,421 bilhões, e para custeio subiram 23%, de R$ 34,854 bilhões para R$ 42,923 bilhões. De acordo com o secretário, o governo priorizou a oferta de recursos para custeio. "Essa foi a nossa decisão. O ano é de ajuste para investimento; não há dúvida sobre isso", disse, acrescentando que as dúvidas sobre a trajetória do dólar também fizeram o investidor tirar o pé das aplicações.

O secretário avaliou que a safra atual está mais cara do que as anteriores. Entre os itens que pesam sobre a produção, de acordo com ele, estão os aumentos dos preços do diesel e da energia, principalmente em áreas que demandam irrigação, e também a alta do dólar. "Sempre entendemos que essa safra seria mais cara", disse. Por isso, de acordo com o secretário, o governo optou por incrementar o segmento de custeio na safra atual em 7%. "Sabíamos que não era para cobrir todo aumento de custo. Por isso, é natural que o produtores tomem dinheiro extra com recursos livres", avaliou.