Publicado em 29/12/2015 18h14

Dólar e perdas na safra devem ajudar a manter preços do trigo

De acordo com o Cepea, demanda pelo trigo importado deve ser maior, em meio à alta do dólar
Por: Globo Rural

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Os preços do trigo devem se manter em alta pelo menos nos próximos meses. A avaliação foi divulgada nesta terça-feira (29/12) pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). As importações tendem a ficar mais caras com a alta do dólar, em meio a um cenário de perdas de produção no Brasil em função das fortes chuvas causadas pelo fenômeno climático El Niño na região sul, onde se concentra a produção nacional.

“No balanço do ano, o preço do trigo no mercado de balcão (ao produtor) teve alta de quase 40% no Rio Grande do Sul e de mais de 26% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), no Paraná, a elevação foi de 35%; no Rio Grande do Sul, de 32%; e, em São Paulo, de 27%”, informaram os pesquisadores, em nota.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou em dezembro que a área com trigo na safra 2015 teve redução de 11,3%, indo para 2,446 milhões de hectares. A produção foi estimada em 5,623 milhões de toneladas, 20% abaixo do esperado inicialmente (7,07 milhões toneladas) e 5,7% inferior à da temporada anterior. Já a produtividade aumentou 6,3%, puxada pelo Rio Grande do Sul, onde se elevou em 30,2%.

“O maior problema neste ano foi a queda na qualidade do cereal, que apresentou características bem abaixo das exigidas pelos moinhos. Sendo assim, o estoque final de trigo brasileiro deverá ser o menor desde 2010”, diz.

Quanto ao consumo, informa o Cepea, está previsto pela Conab em 10,375 milhões de toneladas. Com isso, seria necessária a importação de 5,75 milhões de toneladas para se suprir a demanda nacional. Com base em dados do Ministério do Desenvolvimento (MDIC), a instituição informa que o Brasil importou até novembro 4,706 milhões de toneladas, ante 5,495 milhões do mesmo período do ano anterior.

Já as exportações subiram mais de 400%, das 278,103 mil toneladas em todo o ano de 2014 para 1,443 milhão de toneladas em 2015 (até novembro). A maior parte foi de trigo sem classificação para panificação.