Publicado em 20/01/2016 17h59

Quebra de safra deve aumentar necessidade de importação de trigo

Argentina, principal fornecedor do cereal para o Brasil, pode ganhar mais espaço com alta do dólar e taxas do Mercosul
Por: Globo Rural

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O Brasil deve aumentar sua dependência do trigo importado neste ano, em função das perdas de qualidade causadas pelo clima desfavorável no ano passado. E boa parte dessa demanda deve ser atendida pela Argentina, que recuperaria mais espaço como principal fornecedor externo do cereal. A avaliação foi divulgada, nesta quarta-feira, pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Citando dados da Conab, os pesquisadores do Cepea destacam que as importações brasileirasdevem chegar a 5,75 milhões de toneladas, considerando o período entre agosto de 2015 e julho de 2016. De acordo com a Companhia, no ano passado, em uma área plantada de 2,448 milhões de hectares (-11,2% em relação a 2014), foram colhidos 5,534 milhões de toneladas (-7,3% em relação a 2014). O consumo é estimado em 10,367 milhões de toneladas.

Do lado argentino, a notícia favorável aos negócios com o Brasil é a maior liberação das exportações por parte do governo de Maurício Macri, revertendo posição adotada na administração Kirchner. Do lado brasileiro, o Cepea lembra que as compras de outras origens, especialmente dos Estados Unidos, ficaram mais caras, pelo dólar valorizado e pelo fato de que incide taxa de importação sobre o produto de fora do Mercosul.

No cenário interno, os indicadores do Cepea apontam para situações distintas no Paraná e no Rio Grande do Sul, os dois maiores produtores nacionais e que servem de referência para as cotações. Entre os paranaenses, o cereal acumula alta de 2,17% neste mês, até a terça-feira (19/1), quando chegou a R$ 743,89 a tonelada.

Entre os gaúchos, há queda de 1,27%, com a cotação chegando a R$ 641,53 na terça-feira. Mas, ainda assim, os preços estão em níveis maiores que no ano passado. A cotação média no mês até 19 de janeiro é de R$ 634,76 a tonelada enquanto no mesmo período de 2015 era de R$ 497,25 a tonelada.

“Diante da oferta limitada e também do dólar valorizado, os preços do grão nacional se mantêm firmes”, avalia o Cepea.