Publicado em 23/03/2016 18h06

Carne bovina será o mercado mais desafiador nos EUA neste ano, avalia JBS

Nos suínos, empresa deve concluir integração dos ativos da Cargill Pork e nas aves, Pilgrim’s Pride deve crescer no ritmo da indústria norte-americana como um todo
Por: Rafael Salomão

carne jbs

O mercado de carne bovina é considerado o mais desafiador para os negócios da JBS nos Estados Unidos neste ano. A expectativa dos executivos da empresa é de uma recuperação da oferta de bovinos para abate no país, o que pode levar os preços de volta a patamares considerados "normais" comparando com dados históricos.

No ano passado, especialmente no quarto trimestre, houve não apenas uma redução nas cotações, mas também alguma volatilidade no mercado de carne bovina. Ainda assim, o segmento foi o único da JBS USA que encerrou o ano de 2014 com crescimento de receita líquida, de acordo com o balanço divulgado pela companhia neste mês. 

O valor passou de US$ 21,62 bilhões para US$ 22,13 bilhões de um ano para outro (+2,4%), influenciado pela baixa disponibilidade de gado para abate, retenção de fêmeas e valorização do dólar norte-americano. Do total, pelo menos US$ 5 bilhões vieram da operação australiana, subordinada à divisão norte-americana, assim como as operações canadense e mexicana.

Entre outubro e dezembro do ano passado, as cotações domésticas da carne bovina caíram 11,9% em relação ao terceiro trimestre, de US$ 4,33 para US$ 3,82 o quilo. Na média do ano de 2015, a queda foi de 2,3%, de US$ 4,39 para US$ 4,29 o quilo. Os preços médios de exportação seguiram o mesmo caminho. Do terceiro para o quarto trimestre de 2015, houve uma redução de 8,4%, de US$ 4,44 para US$ 4,06 o quilo. Na média anual, a desvalorização foi de 8,8%, de US$ 4,86 para US$ 4,46 o quilo.


"À medida que tenha oferta, os preços tendem a voltar aos patamares normais, de quatro ou cinco anos atrás" (André Nogueira, CEO da JBS USA)
 

“Em 2015, (a pecuária americana) recompôs 3 milhões de cabeças em relação a 2014. Isso é um claro sinal de dias melhores. Significa maior oferta de animais para abate, menor pressão no spread e melhor uso da capacidade instalada”, afirmou o CEO Global da JBS, Wesley Batista, em recente teleconferência com analistas de mercado, lembrando que o ciclo dos bovinos norte-americanos é mais curto quando comparado com o Brasil.

As unidades da JBS nos Estados Unidos têm capacidade total para abater 26 mil cabeças por dia. A produção é feita com o gado criado para a indústria, alimentado parte a pasto e parte em confinamento, e com vacas, matrizes ou descartadas pela indústria norte-americana de leite. Do um modo geral, o bovino fica um ano e meio sendo alimentado a pasto e passa seis meses, em média, no confinamento.

“Uma retenção muito forte, acima da expectativa, afetou o resultado de 2015. É uma boa notícia para o futuro. À medida que tenha oferta, os preços tendem a voltar aos patamares normais, de quatro ou cinco anos atrás”, analisou, durante a mesma teleconferência, o CEO da JBS USA, André Nogueira, para quem a situação deve estar mais consolidada no segundo semestre deste ano.

Aves e suínos

Na carne suína, o cenário do mercado é considerado estável pela JBS. No ano passado, a receita líquida do segmento caiu 10,4%, de US$ 3,82 bilhões para US$ 3,43 bilhões. O principal motivo foi a queda dos preços no período.

Entre outubro e dezembro de 2015, as cotações domésticas da carne suína caíram 16,1% em relação ao terceiro trimestre, de US$ 2,25 para US$ 1,89 o quilo. Na média do ano, a queda foi de 29%, de US$ 2,89 para US$ 2,05 o quilo.

Os preços de exportação ficaram estáveis na comparação dos dois últimos trimestres do ano passado. O valor se manteve em US$ 1,92 o quilo. Mas, na média anual, a desvalorização foi de 22,6%, de US$ 2,69 para US$ 2,09 o quilo.

Uma das metas para este ano é consolidar a integração dos ativos da Cargill Pork, adquiridos no ano passado por US$ 1,45 bilhão. Às três plantas industriais que já estavam em operação, a aquisição acrescentou duas, elevando a capacidade de abate diário de 50 mil para 90 mil cabeças. Todo o processo deve estar integrado até o final deste mês e os números serão consolidados no balanço global ao longo do ano.

Nas aves, a queda dos preços médios também influenciou os resultados do ano passado. A Pilgrim’s Pride teve uma redução na receita líquida de 4,7%, de US$ 8,58 bilhões para US$ 8,18 bilhões, em um ano marcado também pela expansão das operações no México, com a aquisição de ativos da Tyson Foods.

Para este ano, a expectativa é de aumento entre 2% e 3% na produção, acompanhando o ritmo da indústria norte-americana de uma forma geral. “Não acreditamos em um grande crescimento de produção nos Estados Unidos”, afirma Wesley Batista.