Publicado em 01/07/2016 16h28

Terminou o Rally da Pecuária. Intenção de confinamento deve cair em até 15%

Maratona venceu 63 mil quilômetros e entrevistou 3.000 pecuaristas
Por: Sebastião Nascimento

Terminou o Rally da Pecuária 2016,  organizado pela Agroconsult, que percorreu longos 63 mil quilômetros e entrevistou 3.000 pecuaristas de 11 Estados brasileiros. Começou no dia 10 de abril e foi até o dia 10 de junho.

Mauricio Nogueira, diretor da Agroconsult e coordenador do Rally, me adianta informações quentíssimas. Ele afirma que a alta nos preços do milho e a expectativa de uma safra menor do grão devem levar a uma queda de 11% a 15% na intenção de confinamento neste ano.  “Caso confirmada, a perspectiva é de redução de 580 mil cabeças, o que implicaria numa queda de 5,2 milhões, para 4,6 milhões de animais no volume total terminado em confinamento no Brasil”, enfatiza.

É certo também, adianta Nogueira, que estão previstas mudanças na estratégia de suplementação dos animais, com redução do pacote nutricional. “Com isso, a tendência é de que o produtor entregue uma menor quantidade de animais, represando parte da oferta para 2017. Mesmo os que terminarem em 2016, a projeção é de redução no peso médio de abate e consequente piora na qualidade de terminação. O impacto na receita das propriedades é direto”, diz Nogueira.

Apesar do cenário de redução na oferta de carne cada vez mais evidente, Nogueira lembra que a definição de preços dependerá também da demanda do mercado, tanto para exportações como para o consumo interno. “Mesmo que os produtores abatam a quantidade de animais próxima do que era esperado, o rendimento de carcaça por animais abatidos será menor que em 2015”, adianta Nogueira.

Para outro diretor da Agroconsult, André Pessôa, o mercado do milho só deverá se estabilizar no segundo semestre de 2017, quando a oferta se reequilibrar e os preços recuarem. Para ele, a exportação aquecida do milho é a principal responsável pela alta de mais de 40% dos preços no mercado interno.

Importante: O Rally da Pecuária apurou também que de 15% a 20% dos pecuaristas que trabalham com maior nível de produtividade, no total avaliado pela expedição, serão responsáveis por 45% a 50% da oferta de animais em 2016. “O comportamento indica que os preços pagos no mercado tendem a se ajustar aos produtores de maior capacidade tecnológica, que conseguem respostas mais rápidas”, diz Maurício Nogueira.

Vou aguardar agora o levantamento completo do Rally da Pecuária. São informações fundamentais para saber o que está acontecendo nas fazendas e na pecuária de corte. A expedição técnica conduziu entrevistas qualitativas e quantitativas com produtores para levantar, entre outros dados, áreas de pastagem e de agricultura em cada propriedade, total de cabeças de gado, estratégias nutricionais, confinamento, índices de fertilidade, natalidade e mortalidade, manejo da sanidade do rebanho, uso de insumos tecnológicos nas pastagens (defensivos, corretivos e fertilizantes) e comercialização de animais. “Realizamos levantamento completo, in loco, das áreas de cria, recria, engorda e confinamento”, afirma Maurício Nogueira.