A intenção de confinamento em Mato Grosso caiu 32,9%, de 755,4 mil cabeças projetadas em abril para 506,6 mil em julho, o menor índice registrado nos últimos três anos, informou nesta segunda-feira (15/8) a Associação dos Criadores do Estado (Acrimat). Segundo a entidade, a queda se deve ao alto custo da ração e aos preços do boi magro.
"A capacidade estática dos confinamentos também atingiu seu pior índice nos últimos três anos", disse a Acrimat. Conforme o 2º Levantamento das Intenções de Confinamento em 2016, realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), apenas 50% dos pecuaristas do Estado devem confinar em 2016.
Dos 506,6 mil animais que devem ser confinados no Estado, 46,95% terão entrega concentrada nos meses de setembro e outubro. O maior volume estará no centro-sul do Estado, com expectativa de confinamento de 116,39 mil cabeças.
"Atenção e custos na ponta do lápis são as diretrizes nesse momento. O produtor confinador mato-grossense é profissional, ele trabalha avaliando seus custos, os preços do boi gordo e as perspectivas do mercado, o que fez com que metade deles utilizem a estratégia nessa seca", disse em nota o superintendente da associação, Francisco Manzi.
Segundo o levamento do Imea, 20,95% dos entrevistados apontaram os preços do milho como motivo para a redução do confinamento. "A seca encareceu o milho - no ano passado compramos por R$ 13,50 (a saca) e esse ano por R$ 36,50 - e também diminuiu o pasto mais rápido. Algumas propriedades da região terão problemas até com a falta de água", disse o pecuarista Marcos Antônio Jacinto, que trabalha ciclo completo na sua propriedade em Gaúcha do Norte, tem 200 machos em confinamento e 170 fêmeas em sistema de semiconfinamento.
À Acrimat ele destacou o peso do mercado do boi gordo no momento de decidir confinar: "A minha conta ainda fecha, mas não sobra. A dica é ficar atento para um possível pico de preço e travar a venda." De acordo com o gerente de projetos da Acrimat, Fábio da Silva, apesar da perspectiva de menor oferta de animais para abate no segundo semestre nada indica preço mais alto ao pecuarista.
"A queda nas intenções deveria impactar no preço recebido pelo pecuarista, já que o cenário vindouro se apresenta com um desequilíbrio entre a pouca oferta e maior demanda tipicamente mais elevada para do segundo semestre, porém, a conjuntura econômica brasileira impede que os preços boi gordo aumentem, freando ainda mais as intenções."