Publicado em 16/08/2016 18h16

Queda na receita da Kepler se deve a recuo em armazenagem e cautela em mercado

No segundo trimestre de 2016, a receita das vendas referentes ao setor de silos caiu 59%, para R$ 73,7 milhões
Por: Estadão Conteúdo

O recuo de 49% na receita líquida da Kepler Weber no segundo trimestre de 2016, para R$ 88,3 milhões, se deve essencialmente à queda nas vendas de silos, dentro do segmento de armazenagem, e à cautela da companhia em sua atuação no mercado de granéis, afirmou nesta terça-feira (16/8), o diretor vice-presidente da companhia, Olivier Michel Colas, durante teleconferência com analistas sobre os resultados do segundo trimestre e do primeiro semestre de 2016.

"A performance deste segmento (movimentação de graneis), muitas vezes acíclica, se dá por estar inserida no setor de infraestrutura e logística brasileira, em sua grande maioria financiado pela iniciativa privada. Com a retomada da confiança da indústria brasileira, este segmento será impactado positivamente", informou a empresa em seu relatório.

No segundo trimestre de 2016, a receita das vendas (pedidos feitos mas ainda não faturados) referentes ao setor de armazenagem (silos) caiu 59%, para R$ 73,7 milhões, ante R$ 179 milhões em igual período de 2015. No semestre, o recuo foi de 55%, para R$ 139,6 milhões. 

No caso das vendas do segmento de movimentação de granéis, a queda foi expressiva no segundo trimestre, para R$ 67 mil, ante R$ 27,9 milhões em igual intervalo do ano passado. No primeiro semestre, o recuo foi de 90%, para R$ 19,3 milhões, ante R$ 106,8 milhões nos seis primeiros meses de 2015.

No total, contemplando ainda os setores de peças e serviços e exportações, a queda nas vendas da Kepler no segundo trimestre foi de 50,7%, para R$ 115,2 milhões, ante R$ 233,6 milhões na comparação anual. Colas apontou também a situação macroeconômica do País e a redução dos recursos do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), do governo federal, como causas do impacto negativo negócios da companhia, ainda concentrados no setor dearmazenagem. "A situação econômica do país se agravou no primeiro trimestre, desestimulando os negócios", declarou Colas.

A partir de meados de 2015, lembrou o executivo, as regras do PCA mudaram, com redução de recursos disponíveis e aumento das taxas de juros para uma faixa de 7,5% a 9,5% ao ano. "O contexto de inflação alta, agenda econômica conturbada pela política no país e a redução da safra de milhotambém impactaram os negócios. Nossos clientes que adquirem silos fazem investimentos substanciais e precisam de investimentos mais atrativos", explicou Colas.

O perfil dos clientes da Kepler Weber também mudou, segundo Colas. "O perfil dos nossos clientes mudou um pouco, hoje é mais capitalizado", disse ele. Isso porque, além das alterações no PCA, os bancos têm sido mais restritivos na concessão de crédito e hoje demoram, em média, 139 dias para analisar a situação de um cliente e liberar, ou não, o financiamento pelo programa. Atualmente, 50% das vendas da companhia ocorrem sem financiamento, com recursos dos próprios clientes. Colas explicou também a queda na margem bruta da Kepler Weber, que recuou 71,3% no segundo trimestre de 2016 ante igual período de 2015, para 6,1%, e 30,4% no primeiro semestre do ano na comparação anual, para 7,4%. "Vimos uma deterioração da margem bruta no segundo trimestre, em função da ociosidade das plantas, redução dos preços (de produtos) e das vendas".

Apesar dos resultados negativos, Colas destacou os esforços da companhia para reduzir tanto seus custos variáveis (nas fábricas) como fixos (nas áreas comercial e administrativa. Segundo o diretor vice-presidente da Kepler, desde o ano passado a empresa tem reduzido seu quadro de funcionários e revisto alguns processos industriais com o objetivo de reduzir desperdícios. "Nossa dificuldade é manter a quantidade de volume (produzido) sem aumentar o quadro fabril (de funcionários). A empresa está mais enxuta e se adaptou às condições do mercado", disse o executivo.