Publicado em 07/10/2016 23h13

Clima seco atrasa plantio do milho no Rio Grande do Sul

Umidade do solo ficou aquém do considerado ideal e área semeada está abaixo dos 60% do ano passado
Por: Venilson Ferreira

As condições climáticas não estão favorecendo o avanço do plantio do milho no Rio Grande do Sul, onde os agricultores conseguiram semear apenas 16 mil hectares nesta semana, bem abaixo dos 64 mil semeados na semana passada.

Em termos relativos o avanço foi de dois pontos percentuais para 56% dos 805,6 mil hectares estimados pela Emater/RS-Ascar, órgão oficial de assistência técnica e extensão rural do governo gaúcho.

As informações contam do boletim semanal divulgado pela Emater/RS. Os técnicos relatam que o clima seco fez com que a umidade do solo ficasse abaixo da ideal para a germinação das lavouras de milho e atrasasse a conclusão do plantio, que está abaixo dos 60% semeados em igual período do ano passado.

O diretor técnico da Emater/RS, Lino Moura, comenta que onde a semeadura aconteceu mais no cedo os milharais até agora apresentam desenvolvimento normal, “embora as plantas já apresentem sintomas de déficit hídrico, em razão da baixa umidade".

Em função do clima, os produtores também enfrentam dificuldades para aplicação de herbicidas e realizar a adubação nitrogenada em cobertura. “O adiamento dessas operações pode diminuir o potencial da cultura”, alerta Moura.

Na comercialização a cotação do milho recuou 1,26% no mercado gaúcho, para R$ 40,86/saca. Mesmo com a queda de 7,77% em relação à média da primeira semana ao mês passado, o preço continua 40,5% acima do registrado na mesma época em 2015 e 39,1% superior a media dos últimos cinco anos.

Trigo

No caso do trigo o clima tem sido favorável e a Emater/RS estima “muito bom potencial produtivo”. Segundo o levantamento realizado em campo, apenas 5% das lavouras ainda se encontram em fase de desenvolvimento vegetativo, enquanto 56% estão em enchimento de grãos e 14% em maturação.

Os técnicos observam que o clima seco provoca a antecipação da maturação do trigo e é motivo de preocupação dos produtores, pois pode faltar chuva numa das fases mais sensíveis, que é a de enchimento de grãos. “Se persistir esta situação, poderão ocorrer perdas significativas na produtividade”, dizem os técnicos.

Eles comentam que a comercialização “tem preocupado bastante os produtores”, pois muitas cooperativas estão sem cotação e alguns cerealistas baixaram o preço para faixa de R$ 33,00 a R$ 34,00/saca do cereal com pH superior a 78. Na média geral do mercado gaúcho a queda foi de 4,11% para R$ 34,80/saca. A queda no mês foi de 12,83% e no ano de 4,87%.

Soja

Em relação à soja, que nesta safra deve ocupar 5,474 milhões de hectares no Rio Grande do Sul, grande parte dos produtores concluiu as operações de financiamentos para compra de insumos. Os técnicos dizem que mesmo assim a greve dos bancários, encerrada hoje em todo país, prejudicou os produtores que ainda necessitam de recursos financeiros.

Segundo eles, há a preocupação com a possibilidade de ocorrência do fenômeno La Niña, em razão das áreas não irrigadas e da possibilidade de veranicos durante o ciclo da cultura. Produtores que adotam a tecnologia de distribuição de fertilizantes a lanço antes do plantio estão aproveitando o clima seco para a realização desta operação.

A Emater/RS relata que produtos de alguns municípios anteciparam o plantio, como estratégia para fugir da pressão de doenças e, em sucessão, realizar outro cultivo, mas no momento, devido às condições meteorológicas, “a atividade foi suspensa, gerando certa apreensão no meio”.

O levantamento da Emater/RS mostra que o preço mercado balcão nesta ficou praticamente estável (R$ 69,20/saca), mas no mercado disponível as indústrias oferecem de R$ 8,00 a R$ 10,00 pela soja “livre”.

Arroz

O plantio do arroz também avança no Rio Grande do Sul. Segundo a Emater/RS, município de São Borja a cultura já se encontra com 38% semeados e em Bagé com 25%. Em Uruguaiana, onde metade da área já foi semeada, a falta de umidade não favorece a germinação e a continuidade do trabalho.