Publicado em 24/11/2014 15h02

Agroecol contribui para a construção participativa e crescimento da agroecologia

“Harmonizar o desenvolvimento da produção de alimentos de qualidade com a preservação ambiental e a responsabilidade social: estes são os princípios que norteiam a Agroecologia, uma alternativa em meio à realidade do planeta, que agoniza devido a degradações provocada pelas atividades do homem e seus sistemas produtivos praticados ao longo dos anos”.
Por: Embrapa

agroecol

Foi com este alerta que o pesquisador da Embrapa Milton Padovan deu início ao discurso de abertura do Agroecol 2014 – evento que congrega o 1º Seminário de Agroecologia da América do Sul, o 5º Seminário de Agroecologia de Mato Grosso do Sul o 4º Encontro de Produtores Agroecológicos de MS e o 1º Seminário de Sistemas Agroflorestais em Bases Agroecológicas de MS.

 

Segundo o pesquisador e coordenador geral do evento, a Agroecologia, enquanto ciência, é estratégica para nortear a formação de profissionais qualificados, gerar conhecimentos e tecnologias para orientar arranjos produtivos alicerçados em bases ecológicas que promovam maior autonomia às famílias de agricultores, gerando produção saudável e promovendo a conservação e melhoria ambiental.

 

“Temos a consciência que a realização de grandes eventos é apenas uma parte desse processo em prol do desenvolvimento da Agroecologia. O Agroecol 2014 tem como principal objetivo proporcionar este encontro de diferentes grupos para dialogar, trocar e somar experiências e conhecimentos, além de apresentar os avanços do campo da Agroecologia e das práticas agroecológicas”, explicou Padovan.

 

Para ele este é, também, um momento de avaliar os resultados obtidos e os conhecimentos construídos até o momento, para então buscar soluções que ainda atrapalham o processo de transição agroecológica e estabelecer metas e trabalhos a serem realizados.  Até o momento, 1263 pessoas se inscreveram no evento.

 

O Diretor Executivo de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Waldyr Stumpf Junior, marcou presença na mesa de autoridades formada durante a solenidade de abertura do evento, juntamente com membros das instituições parceiras na realização e apoio do Agroecol 2014. Segundo ele, um dos pontos fortes do Seminário é a interação dos saberes, momento de intercâmbio, principalmente por meio dos trabalhos inscritos por universitários, pesquisadores, profissionais da agroecologia, e as experiências e relatos dos agricultores, membros de comunidades tradicionais.

 

Para Stumpf, dialogar com estes públicos é uma forma de reforçar este tema para dentro da Embrapa, perceber os anseios e as necessidades deste segmento da sociedade e focar no desenvolvimento de pesquisas e trabalhos voltados para os interesses destes agricultores. “A Embrapa tem dado uma atenção especial aos temas relacionados a Agricultura Familiar e Agroecologia, por meio de projetos de pesquisa (Macroprograma 6), ações de transferência de tecnologia e da criação e fomento, dentro dos centros de pesquisas espalhados por todo o pais,  de núcleos formados por pesquisadores, analistas, técnicos que, em conjunto com pequenos agricultores, vem construindo estratégias para o avanço deste sistema produtivo”.

 

O coordenador geral da APOMS – Associação dos Produtores Orgânicos de MS, Olácio Komori, parceiro na realização do Agroecol 2014, explicou que  este é um momento de interação e de construção participativa: dos pequenos agricultores juntamente com os técnicos e demais detentores de conhecimentos formais, de caminhos e ações necessárias para o avanço e difusão da agroecologia. “Sabemos que as instituições de pesquisa e fomento da agricultura e as universidades têm muitas tecnologias  validadas, mas que existe ainda uma carência na Transferência de Tecnologia para que os produtores possam se apropriar desses conhecimentos e aplicá-los nas propriedades”.

 

Mudanças, desafios e perspectivas

 

Após a solenidade de abertura, os participantes do evento assistiram à Conferência Magna “Mudanças rumo à Agroecologia: conquistas, desafios e perspectivas”, conduzida pelo coordenador da ONG Terra do futuro e Centro Ecológico Ipê (RS), Laércio Meireles.   Durante a palestra, Laércio apresentou a agroeocologia como uma solução para diversas questões levantadas pela população mundial em relação à produção de alimentos, por ser uma prática que produz alimentos de qualidade, sem causar danos ao meio ambiente e com olhar especial voltado aos produtores..

 

“Hoje já existem técnicas, informações e experiências concretas para fazer deste sistema de uma alternativa que, além de preservar o meio ambiente, permite uma melhor distribuição dos ganhos e renda entre os envolvidos. Segundo ele, esses são pontos importantes que fazem com que as práticas agroecológicas venham ganhando espaço a cada dia. “Ainda não somos maioria no meio produtivo o que aumenta a importância de encontros como estes, promovidos pelo Agroecol 2014, onde podemos dialogar, aprender com outros produtores de diversos lugares e perceber que não estamos sós e que unidos podemos ganhar força e contribuir para o crescimento da agroecologia”, concluiu Laércio.

 

Diversidade de atividades

As atividades do evento tiveram início na tarde dessa quarta-feira (19/11) e continuam hoje e amanhã. Na programação estão previstas palestras, discussões em grupos, mesas redondas, minicursos e oficinas, apresentação de trabalhos técnico-científicos e relatos de experiências individuais e coletivas em agroecologia.

Segundo a organização, os conhecimento, as ideias e conclusões dos debates desenvolvidas durante as atividades do evento servirão como subsídio para  elaboração da “Carta Agroecológica de Dourados”, documento oficial contendo as resoluções e reivindicações dos participantes voltadas para o avanço da Agroecologia, que será redigida ao final do evento.

O Agroecol2014 engloba também o "5º Seminário de Agroecologia de Mato Grosso do Sul", o "4º Encontro de Produtores Agroecológicos de MS” e o "1º Seminário de Sistemas Agroflorestais em Bases Agroecológicas de MS", tendo como tema "Avanços e desafios em Agroecologia: como e onde precisamos chegar".