Publicado em 11/11/2016 23h09

São Martinho elogia política de preços da gasolina

Direção da empresa reconhece que redução dos preços prejudica competitividade do etanol, mas diz que há mais previsibilidade
Por: Estadão Conteúdo

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O diretor Financeiro e de Relações com Investidores do Grupo São Martinho, Felipe Vicchiato, disse, durante teleconferência com analistas e investidores, que a queda no preço da gasolina, anunciada pela Petrobras em outubro e também nesta semana, "prejudica" a vantagem do etanol. Mesmo assim, ele elogiou a nova política da estatal para definir as cotações. "Isso dá uma boa previsibilidade. Agora sabemos que, quando o petróleo subir, a gasolina também vai subir, e nossos ativos vão ganhar competitividade", afirmou.

Ainda conforme ele, a redução no valor do diesel na refinaria pode acarretar em uma economia de até R$ 20 milhões para a companhia por ano. "Temos um volume de diesel de R$ 200 milhões por ano. É um volume bastante relevante. Fazendo uma conta, essa queda de 10% (anunciada pela Petrobras) representaria uma economia de R$ 20 milhões", disse.

Na quarta à noite, o Grupo São Martinho, com quatro usinas de cana-de-açúcar nos Estados de São Paulo e Goiás, reportou lucro líquido de R$ 68,91 milhões no segundo trimestre do ano-safra 2016/17, correspondente aos meses de julho, agosto e setembro. O montante é 184,7% maior na comparação com o de R$ 24,20 milhões de igual período do ano passado. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou R$ 368,70 milhões (mais 15,6%).

Importação

O diretor disse que a companhia não pretende importar etanol para atender eventuais compromissos e o mercado em geral. "Não temos como vocação fazer trading de etanol", destacou.

Devido à quebra da safra de cana e à preferência do setor como um todo pela produção de açúcar, mais remunerador, a fabricação de álcool neste ano foi menor, o que acarretou em disparada de preços. Conforme o relatório mais recente de acompanhamento de safra da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), na parcial da temporada, iniciada em abril, até outubro, a fabricação de etanol hidratado somava 12,3 bilhões de litros, 9% menos na comparação anual.

Boa Vista

Vicchiato comentou que ainda não há nenhuma informação sobre uma eventual saída da Petrobras da joint venture na usina Boa Vista, em Quirinópolis (GO). "Quando tivermos, prontamente responderemos ao mercado por meio de comunicado", afirmou.Ele fez referência ao novo plano de negócios da estatal de petróleo, que prevê deixar o setor de biocombustíveis. Anunciado em setembro, esse novo plano afeta, principalmente, o Grupo São Martinho e as sete usinas da Guarani, empresa com a qual a Petrobras também tem joint venture para fabricação de etanol. Ainda de acordo com o executivo, a colheita de cana pela usina Boa Vista deve se encerrar "nos próximos dias".

Déficit de açúcar

O diretor Financeiro e de Relações com Investidores do Grupo São Martinho afirmou ainda que as projeções da companhia apontam para um déficit de açúcar de 5 milhões de toneladas na safra global 2016/17, iniciada em outubro. "Cobrir esse déficit dependerá da resposta do Brasil em aumentar a produção" do alimento, acrescentou. Déficits de oferta registrados tanto neste quanto no próximo ano respondem pela disparada de quase 50% do açúcar na Bolsa de Nova York.

Geadas

O diretor Financeiro e de Relações com Investidores do Grupo São Martinho, Felipe Vicchiato, disse que "três fortes geadas em julho" atingiram aproximadamente 25% do canavial próprio da companhia. "Foram quase 40 mil hectares", disse, creditando às adversidades climáticas a revisão de guidance anunciada na quarta-feira pela empresa.Com quatro usinas nos Estados de São Paulo e Goiás, o Grupo São Martinho prevê moagem de 19,26 milhões de toneladas na temporada 2016/2017, volume 3,8% inferior ao do ciclo anterior e 6,3% menor que o previsto inicialmente, de 20,55 milhões de toneladas.

De acordo com Vicchiato, algumas plantações da empresa foram expostas a temperaturas negativas em julho, o que obrigou a colheita precoce de cana para se evitar maior perda de produtividade.Ele informou que as atividades de safra nas unidades São Martinho, em Pradópolis (SP), e Santa Cruz, em Américo Brasiliense (SP), já se encerraram. Com isso, o grupo segue operando apenas as usinas Iracema, em Iracemápolis (SP), e Boa Vista, em Quirinópolis (GO), esta última uma joint venture com a Petrobras Biocombustível.

Juntas, as quatro indústrias têm capacidade para processar até 22 milhões de toneladas de cana por safra.Vicchiato também divulgou uma projeção inicial para a temporada 2017/18, cujo início oficial é em abril do ano que vem. Conforme ele, com o clima dentro da normalidade, a moagem deve ficar em 20,3 milhões de toneladas, o que representaria um crescimento de 5,4% sobre os 19,26 milhões de toneladas esperados para o ciclo vigente. "Devemos superar os 20 milhões de toneladas", concluiu.