Publicado em 04/01/2017 16h07

Leilões de subsídio ao trigo vendem 2,79% de PEP e 22,02% de Pepro

Nesta quarta-feira (4/1), houve novos pregões da Conab, que até agora assegurou o escoamento de 515,5 mil toneladas do cereal
Por: Venilson Ferreira

Na quarta bateria de leilões para subvencionar o escoamento de trigo e assegurar aos produtores pelo menos o preço de garantia foram arrematados prêmios para comercialização de 70,7 mil toneladas do cereal, que correspondem a 17% do volume total de apoio ofertado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A demanda maior nos leilões continua pelo Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), principalmente no Rio Grande do Sul, onde os agricultores arremataram 67,7 mil toneladas em prêmios (R$ 14,086 milhões), que serão pagos pelo governo após a comprovação da venda do cereal, a preço superior a R$ 644 por tonelada.

Os prêmios foram arrematados sem disputas, pelo valor de abertura de R$ 208 por tonelada. A Conab ofertou 307,5 mil toneladas de Pepro. Não houve demanda para as 50 mil toneladas no Paraná e 7,5 mil toneladas em Santa Catarina.

No leilão de Prêmio para o Escoamento do Produto (PEP) houve demanda por apoio para comercialização de 3 mil das 107 mil toneladas ofertadas, arrematadas também pelo valor de abertura do subsídio de R$ 208 por tonelada.

No caso do PEP, para ter direito ao prêmio o comprador (trading, indústria de ração, moinho, comerciante, etc.) terá que comprovar que comprou o cereal por no mínimo R$ 644 por tonelada, para comercialização foram das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Nos quatro baterias de leilões realizadas até agora pela Conab foram arrematados prêmios para escoamento de 515,5 mil toneladas, que correspondem a 38,7% do volume de apoio ofertado (1,33 milhão de toneladas). A demanda pelo PEP foi de apenas 11,8% da oferta, enquanto que no Pepro ficou em 51,6%. (Veja tabela abaixo)

O analista Walter von Muhlen Filho, da corretora gaúcha Serra Morena, afirmou que os rumores de mercado dão conta que no leilão desta quarta-feira (4/1) houve participação da Gavilon e do Moinho J. Macedo, sendo que parte do cereal será destinado à exportação.

Na avaliação do analista, os leilões não serão suficientes para elevar os preços acima do mínimo de garantia, por conta da baixa demanda pelo trigo brasileiro pelos moinhos do Nordeste, que trabalham com o padrão do cereal importado.

O trigo argentino chega aos portos do Nordeste por US$ 200 a tonelada. Além disso, diz ele, pesa contra o produto nacional a cobrança de ICMS, o PIS/Cofins sobre o frete e a obrigatoriedade de navio de bandeira brasileira.

Muhlen Filho observa que o problema de escoamento de trigo é mais grave no Rio Grande do Sul, onde os produtores colheram 2,5 milhões de toneladas e têm demanda para pouco mais da metade. Até há pouco havia demanda pelo trigo para a ração, mas a perspectiva de colheita de uma safra gaúcha de 5,5 milhões de milho tirou os compradores do mercado.

Ele comenta que no Paraná, que colhe 3,3 milhões de toneladas de trigo, a situação dos produtores é mais confortável, porque 40% da safra já foi comercializada, principalmente por duas grandes cooperativas (Coamo e Integrada).

Na opinião do especialista, falta uma política de longo prazo para o trigo, que dê sustentabilidade aos investimentos. Ele lembra que a maioria dos países subsidia os produtores de trigo, como a China que tem preço de suporte de US$ 300 por tonelada.

Na União Europeia existe apoia à comercialização e ao plantio, que correspondem a metade do preço de venda do cereal. Rússia e Ucrânia têm instrumentos de apoio, assim como os Estados Unidos e Canadá. “Falta ao Brasil uma política clara para o trigo”, diz ele.

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